IDAS VINDAS
Lílian Maial



Sempre busco esse instante que passou,

Mas me atraso, em segundos, uma era.

E se volto, eu me perco de onde estou,

Bem não fico onde o tempo me tolera.



O caminho que escolho já chegou,

E eu não chego onde o grito reverbera.

No meu eco, a palavra silenciou,

No silêncio, ouço a voz que dilacera.



Se o meu tempo abre em mim funda cratera,

Esse abismo, em que o peito se lançou,

Sou um louco astronauta em longa espera.



Tenho a tola certeza do que sou,

Sei do tempo que me aprisiona fera,

Entre a ida e entre a volta, eu nunca vou.



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