FRIO NORTE

Imperioso se torna roubar a solidão

dos sótãos vazios, prenhes de tristeza,

lavar os olhos ímpios com dureza,

despirmo-nos de tudo sem perdão.

Meu direito primitivo à auto-flagelação,

resgatada de séculos de impureza,

devora-me a carne em podridão,

não sei com que falta ou certa destreza.

Ah, meu amor, terás tu tal alma,

que suporte minhas dores nefastas,

quando só, me rasgo e perco a calma?

Melhor seria certa e fria morte,

(que só a alcança algumas castas),

que suportar esta carne, frio norte.

Jorge Humberto

21/02/08

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 28/03/2008
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