Para os Urubus

Vôo nos ventos que bailam no horizonte

feito a folha tão leve do qual vaga

sob as vozes intensas de mil pragas

sobre as sinas inertes e marcantes.

Nas veredas de mortes ressonantes

eu caminho de lado com as chagas

de mil prédios e impérios sobre a mágoa

de quem fora no outrora, relevante.

Eu sou o vento corroendo mil castelos

carregando os cadáveres, jantar

nas correntes que o tempo me prendeu.

Eu sou sóbrio e sou velho ritornelo

sou a consciência no céu sempre a pairar

que no ofício mais sujo, se acolheu.