O mesmo homem
Ela, gentilmente, deu a ele outro nome
- ao cidadão que com versos nos cerca -
o mesmo que não retém a sua vil fome
e vive, a esmo, com a sua boca aberta.
É que ela é mais delicada, tem educação,
eu sou isso que sou, a sempre apontada,
ela é moça de fino trato, gentil, e eu não;
eu sou a mundana atrevida da pá virada.
Mas ambas, eu e ela, bem reconhecemos
que, embora nosso adjetivo seja diferente,
somos vítimas ludibriadas e bem sabemos
de todo o engodo ou o nome que isso valha,
- da perfídia e traição ao nosso passo rente -
pois ambas conhecemos o mesmo canalha.
Sampa, 05.04.2008
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