À MINHA EXCELSA SENHORA

Excelsa senhora, de meus sonhos mais perversos,

garanto-lhe que isto é só poesia, subtil e primária,

porque mesmo sendo meus versos controversos,

são rudes como estas minhas mãos, mi signatária,

minha mais que tudo que uso pra meus excessos.

Se lhe dissesse, tirando o chapéu, que secundária

é sua epiderme, mentir-lhe-ia, e maus processos,

levantaria contra si, ó senhora, tão extraordinária.

Acaso contou a amada, serem passados cinco dias,

desde a última vez que nos vimos e falamos a dois?

Ó torpe, afasta-te de mi, que a saudade, extravias!

Senhora de meus e’cantos não me leve os prantos,

e nem desfaleça a poesia nestas horas, que depois

nada restará, senão o andar a soluçar pelos cantos.

Jorge Humberto

23/02/08

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 13/04/2008
Código do texto: T944004