Soneto do cotidiano - III

Domingo novamente. Exaustão.

Vejo o horror, da janela descuidada.

Segunda-feira se aproxima e fada

A pena do pecado sem perdão.

Não quero sair deste rés-do-chão.

Aqui, aos pés do mundo, não há nada

Que me falte. Aqui, neste alçapão,

Ideio; não está a índole domada.

Não cante, por favor, galo de pilha!

Ela estava a ponto de beijar-me...

Não brilhe, ó sol! que a lua não me humilha...

E se eu sumir, não venha procurar-me.

Deixe-me aqui, onde sou Eu a própria trilha,

Não outra vítima desse falso alarme.

Cirilo
Enviado por Cirilo em 13/04/2008
Reeditado em 05/06/2014
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