Bijuteria

Quanto vale o peso deste corpo nu

Neste azul sem graça de um lençol sem cor?

Vale a dor que enlaça cartas do baú

Ao tabu aceso de um pagão calor.

Um sabor mais cru quero sentir no dente,

Que ora sente o fim daquela vã saliva,

Inda viva, sim, no meu lembrar doente,

Que a mim mente o sul e o pão da fé nociva.

A gengiva, rente ao meu desejo vil,

Já febril aguarda a meia volta sua.

Nem a lua em farda neste mês de abril,

Meu covil demente, minha carne nua,

Ou a rua morta e sem seu brilho fosco,

São conosco a porta que o viver recua.

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Meus primeiros passos em "Cançao de amigo", Voz lírica feminina.