Valete de Paus

Vai à pé pelo longo percurso.

Sua única arma é um cajado.

Sem companhia, sempre, sempre mudo.

Carrega no coração cansaço.

É no inverno que o vento é mais frio.

Consigo, tem o silêncio mútuo

E a fadiga preenche o vazio.

Talvez haja forças p'ra prosseguir.

O óbise nem parece o ferir.

O cajado é socorro e amigo,

Auxilia-o neste comprido rumo.

Firme na sua tristeza e desgraça,

Desconhece a sorte do caminho.

Este caminho o conduz ao nada.

(CaosCidade Maravilhosa, 20 de março de 2003. Inspirado na carta de Tarot "Valete de Paus".)