O Tanca; sua estrutura

Estruturalmente o mais perfeito verso oriundo do Japão, e considerado um aperfeiçoamento do haicai, ambos comuns e corriqueiros entre os poetas atuais, o tanca tem cinco versos, os três primeiros como um haicai, e os restantes obedecendo à ordem 7/7 na contagem poética.

Assim, o haicai contido no 5/7/5, que traz a mensagem sutil e direta, é complementado pelos versos do tanca, que esclarecem e o completam.

Segundo teóricos respeitados, o tanca é mais antigo do que o haicai, e é considerado um verso difícil. Surgiu no século VII.

E estrutura é 5/7/5/7/7, ou seja, cinco sílabas poéticas no primeiro verso, sete no segundo, cinco no terceiro verso – o que caracteriza um haicai – e sete sílabas nos dois últimos versos.

O tanca não pede rima, título ou mesmo o uso de letras maiúsculas ou minúsculas. Naturalmente que quando bem usada, uma rima pode valorizar muito o tanca, se ele possui na essência leveza e for sutil, inteligente. Conforme contam, os poetas de tancas eram respeitados como verdadeiros sábios. Vão além quando afirmam que ele é praticado nos tradicionais mosteiros budistas que adotam o zen. Bastante vulgarizada esta forma de pensamento, por muito poucos entendida, segundo o mais conhecido professor de budismo e zen-budismo da Universidade de Tóquio, Daisetz Teitaro Suzuki, nascido em 1870. Tudo indica que Suzuki tenha sido um dos últimos Grandes Patriarcas do Zen, embora estes assentamentos não existam naquela maneira de pensar.

No Brasil, o tanca e o haicai foram muito explorados por Paulo Leminski, com sucesso.

Os temas do tanca são os mesmos do haicai: a natureza, seus fenômenos e o homem, não esquecendo nunca que é poesia feita para enaltecer. Problemas pessoais descaracterizam tanto o tanca como o haicai, que sempre falam do momento atual, não admitindo passado ou futuro.

Dou um exemplo de um tanca todo rimado, de minha autoria.

Oh alma querida

que tudo encanta na Vida

não mais sofrida.

A luz do Sol tudo espanta

logo que ele se levanta.