UMA GRAMÁTICA HOLÍSTICA

para ensinar, aprender e amar o português

INTRODUÇÃO

Quando estudava, sempre quis uma gramática que falasse comigo. Achava todas tão frias, tão parecidas. Hoje, as coisas não mudaram. Vejo meus alunos entediados com o português gramatical. Então, pesquisando alternativas de ensino, descubro o ensino holístico: dinâmico, interdisciplinar, aberto, que proporciona assimilação de conteúdos unida às descobertas das pessoas e do mundo em que vive.

Todo poeta é um idealista. Um poeta-educador então, nem se diz. A pretensão é conseguir uma gramática que o aluno abra e não ache chato fazer isto, e, que ao mesmo tempo lhe dê subsídios para realizar o que lhe é cobrado em provas, vestibulares, concursos..., despertando sua visão do mundo como um todo; de português, não como uma disciplina apenas, mas como um veículo viável e comum de comunicação e percepção do mundo próximo dele.

Redescobrindo os Sons e as Palavras e Tudo azul na sintaxe formam as abordagens em aulas nesta gramática, que visam, formar além de informar.

Educar não é ensinar dizendo ao aluno como é o mundo, mas dar-lhe ferramentas para que ele seja capaz de descobrí-lo. A formação holística do conhecimento, integrada ao construtivismo, é um grande passo nesta caminhada.

Não são cobradas do aluno questões de memorização mas de interpretação e análise, exigindo uma postura de questionamento e raciocínio. Isto quer dizer que o aluno não terá respostas copiadas e, depois, decoradas. Não aprenderá nada desta forma. Será apenas um banco de dados. Hoje, ele já tem um computador para isto. Copiar respostas, um menino semi-alfabetizado, da Primeira Série pode, o que não quer dizer que ele as entenda. Isto é o efeito papagaio, que repete, por condicionamento, os sons que ouve, mas não entende o significado do que diz, podendo ser ensinado a dizer qualquer coisa, sem censura ou escolha.

Agora, a matéria é inserida, explicada, e depois o aluno é levado a desenvolver questões de interpretação e análise dela. As respostas não estão nos textos anteriores ou presentes e nem serão encontradas na boca do professor. O aluno terá que pensar, analisar, formar suas opiniões. Terá que formar suas respostas. Feito isso, serão retomadas com ele as questões apresentadas e o aluno poderá rever o que encontrou, consertando, completando, ou mesmo, verificando seus acertos. Acreditamos que assim, ele aprende, e aprende como um todo, interioriza o que aprendeu, sendo capaz de compreender os conteúdos assimilados em outros textos e momentos. Mesmo quando errar, terá aprendido porque ao rever o conteúdo, saberá porque e em que errou.

Dentro da formação holística, isto desenvolve no aluno aspectos como independência, curiosidade, questionamento, liderança, determinação, uma melhor compreensão das coisas e comunicação com o outro. Lógico que este não é um trabalho que se desenvolve de uma hora para outra. Há um período de adaptação. Um aluno que nunca foi levado a pensar, dar suas opiniões sobre o que aprende; no princípio, é normal que hesite em fazê-lo e cobre o padrão antigo. Tão mais fácil ter tudo pronto! "Se o professor sabe a resposta, por que não me diz de uma vez? Por que eu tenho que tentar fazer para depois ele corrigir? Se eu errar, vou ter que desmanchar...Prefiro copiar quando ele ditar". Este é o primeiro pensamento que lhe vem à cabeça. Assim pensará uma criança ou adolescente vítima de um ensino ultrapassado e decadente.

Isto exige muito mais do professor também. É muito mais fácil se colocar como o detentor absoluto do saber. Nunca vai surgir uma frase que ele não saiba, não tenha visto, nenhuma novidade. Só trabalhar com o que sabe de cor. Para muitos professores, deixar que o aluno construa suas próprias frases e conceitos, ou mesmo, tenha questionamentos, é uma ameaça à sua autoridade. As perguntas são vistas como ofensas e não como dúvidas. Pensa que o aluno quer testá-lo e não, aprender. Assim, procede o professor fruto do mesmo sistema. A construção vivenciada do ensino exige que ele domine o conteúdo que ministra e que seja dinâmico.

À medida que vai se habituando ao novo método, o aluno pesquisa, questiona e vai além do que é ensinado. Uma aprendizagem levando à outra. Uma aprendizagem assim, não dará apenas conhecimentos, mas capacitará para a vida num país capitalista de sistema competitivo. Ele, com certeza, será capaz de duvidar, questionar, lutar pelo que quer. O ensino holístico faz com que o aluno incorpore atitudes. Não o menospreze, confie em sua capacidade. Ele consegue chegar lá e merece esta chance. É dever de todos educadores preparar os alunos para a vida, para serem pessoas independentes. Eles vão ter que, mais cedo, mais tarde, caminhar sozinhos. Pode ser muito doloroso se não estiverem preparados.

* Com a nova reforma ortográfica, o conteúdo da gramática está sendo revisto. Será feita uma nova edição. Uma Gramática Holística é também indicada para o estudo autônomo, visto suas aulas multimídia serem complementadas com um caderno de respostas e direcionamentos, permitindo que o usuário possa se preparar para provas, concursos, vestibulares.

CRUZ, Ana da. Uma Gramática Holística (Artigo). Belo Horizonte: Estalo, A Revista nº4, 2005. Original: Introdução in Uma Gramática Holística. Belo Horizonte: Lispector, 1998. RGBN. 433.850

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Ana da Cruz
Enviado por Ana da Cruz em 29/10/2008
Reeditado em 01/11/2008
Código do texto: T1253630
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