ANÁLISE DO CONTO “ENTRE SANTOS” DE MACHADO DE ASSIS.

Joaquim Maria Machado de Assis, membro e fundador da academia brasileira de letras é considerado pela crítica literária o maior escritor brasileiro de todos os tempos, destacou-se na prosa e mais especificamente no conto.

Diante de uma vasta obra pode-se selecionar para a análise o conto “entre santos”. Nesse conto, podem-se observar os aspectos: ação, tempo, espaço, personagens, ponto de vista e os recursos narrativos.

A ação se dá interna e externamente. A primeira ocorre na medida em que o narrador se recorda dos fatos acontecidos, sente-se assustado com a luz de origem, inicialmente, desconhecida. Já a ação externa pode ser caracterizada através da atitude do podre ao ver a luz “corri assustado à procura da ronda...O mistério arrastou-me fui a casa buscar a chave da sacristia (o sacristão tinha ido passar a noite em Niterói), benzi-me primeiro, abri a porta e entrei” (p.29).

Quanto ao tempo, observa-se que há predominância do psicológico, uma vez que o narrador-personagem não tem noção cronológica de quanto tempo durou aquela conversa entre os santos. Além disso, o fato se trata de um acontecimento passado, ou seja, que o padre está recordando “aconteceu-me uma aventura extraordinário” (p.29). Percebe-se ainda na (p.43) “corri a abrir todas as portas e janelas da igreja e da sacristia, para deixar entrar o sol, inimigo dos maus sonhos”, todos os fatos podem ter ocorrido apenas na mete ”sonho” do narrador.

Já quanto ao espaço, pode-se observar que o conto se desenvolve em um ambiente urbano, como é possível perceber a partir de alguns sinais de civilização como a igreja e a ronda.

Quanto às personagens, evidencia-se que estas apresentam qualidade ou defeito. Assim, os santos têm a qualidade de interceder a Deus para atender aos fiéis, a adúltera é conhecida ou caracterizada apenas pelo ato de traição, isto é, defeito. Já Sales é identificado, principalmente, como avarento, tornando-se esta a característica, o defeito, mais expressiva da sua personalidade.

O ponto de vista ocorre através da primeira pessoa, o conto é narrado por um narrador protagonista, pois ele conta uma história por ele vivida, a história de uma parcela de sua existência. É através de seus olhos e de seus sentimentos que são apresentados os elementos constitutivos da narrativa: os fatos e as outras personagens. Mas, em um momento do conto os personagens “os santos” estabelecem diálogos simultâneos, assim sai de cena o narrador-protagonista e entra o narrador-testemunha, haja vista que a personagem (o padre) neste momento está presente no texto só para narrar os acontecimentos, sua ação não tem qualquer interferência no desenrolar dos fatos. Além disso, os Santos ao contarem suas histórias, fazem-se narradores também.

O conto utiliza como recursos narrativos, o diálogo que fica mais evidente e intenso a partir da conversação dos Santos, que mostra, respectivamente, algumas características de alguns fiéis. A descrição também é outro recurso narrativo bastante significativo como por exemplo a descrição da luz, a postura dos Santos e a atitude do narrador ao ver os santos conversarem “Durante algum tempo, que não chego a calcular, fiquei sem ir para diante nem para trás, arrepiado e trêmulo”(p.31). Já, a narração implica acontecimentos, ação e movimento do conto. Por último tem-se a dissertação que diz respeito à exclamação de idéias ou conceitos, isto é, a idéia que ficou mais clara no texto foi a de que a avareza é mais forte do que a fé.

Portanto, “Entre Santos” é uma narrativa linear que se estabelece como um “relato indireto”. Desenrola-se, principalmente, em torno do diálogo dos Santos, nesse diálogo são enfocadas duas personagens da sociedade, a adúltera e o avarento. A adúltera, substitui a mulher pura e casta que ia à igreja pedir um bom esposo (durante o romantismo). E o avarento substitui o bom romântico que contribui “espontaneamente” com boas quantias para o melhoramento das igrejas.