A MALDIÇÃO DO ESCORPIÃO - CAPÍTULO II - OLHOS VERDES (Norma Sueli)

CAPÍTULO II

OLHOS VERDES

Domingo, ultimo do mês de maio, amanhã vai começar um novo dia, Alécio me diz que vai trabalhar, serão 48 horas fora de casa, não sei como vai ser, a cada dia a dúvida invade o meu coração. Sei que posso estar me tornando repetitiva, mas quando ficamos desconfiados é difícil voltar a acreditar. Sei que o certo seria terminar tudo agora antes que eu venha sofrer mais, infelizmente, não consigo já me enredei pelos olhos verdes e fica cada vez mais distante aquela idéia de me afastar dele. A cada dia ele declara o seu amor por mim, mas o escorpião também enganou o sapo para atravessar a lagoa.

Por que será que o amor nos faz cegos? Deixamos de viver nossas vidas e passamos a viver para ele. Por que mulher é assim? Foi assim que aconteceu comigo quando te conheci, me anulei para viver ao seu lado, vivo uma luta constante dentro de mim. A maior de todas, que me consome como se me tirasse o ar e quando me deparo com a minha fé.

Sempre acreditei que uma pessoa tem que ter palavra, a minha já foi dada e não tem como voltar atrás. Espero que ele mude de verdade, pois sei que fomos feito um para o outro, nunca conheci alguém que tivesse tanta sintonia como temos. Hoje conversando, falei para ele que mal venço uma batalha e já vem outra. É como se estivesse subindo a montanha e ao chegar feliz lá em cima, olho para o outro lado e vejo nova batalha pra travar com alguém, e ele me diz assim:

- O importante e que todos os inimigos acabam ficando pelo caminho.

Foi muito bom ouvir isso, me deu ânimo pra continuar lutando. Ainda faltam muitos dias e ele tem vencido, é um dia após o outro, como a luta para deixar um vício. Sei o que me separa dele, a cada dia eu o amo mais, porém, quando tiver que tomar uma decisão, eu vou tomar, precisamos vencer o medo de solidão que há dentro de cada um de nós. Estou me preparando e não quero ter dúvida do que vou fazer. Deixamos de viver nossas vidas e passamos a viver para eles. Por que mulher é assim? Foi assim que aconteceu comigo quando te conheci meu amor.

Eram exatamente três e trinta da manhã quando ele acordou, levantou, foi ao banheiro e depois me disse que ia ver algumas coisas no computador. Fiquei dormindo, apesar do barulho que fazia, mas não me importei, continuei adormecida. Qual foi minha a surpresa quando ele acendeu a luz e com uma bandeja na mão, trouxe o café na cama, confesso que fiquei muito feliz, pois nunca ninguém trouxe café na cama para mim. E disse o seguinte:

-Tudo no amor faz parte de “uma conquista diária”.

Até aqui tudo bem. Saiu para o trabalho, fiquei triste, pois já me acostumei a tê-lo por perto o tempo todo. No primeiro dia ele me ligou várias vezes, apesar das saudades, mas os telefonemas me faziam feliz, parecia esta perto, mesmo na distância. É estranho, como conseguimos nos deixar levar por sentimentos sem perceber. No segundo dia ele me ligou às seis horas da manhã, desejou bom dia bom dia e falou que tinha dormido bem e logo disse adeus, com a desculpa de sempre: ”Há um amigo aqui querendo ligar, daqui a pouco retorno.”, passou o dia, não ligou, mandei mensagem, nada de resposta, mandei outra e uma hora depois ele ligou e falou que estava tudo bem e que me ligaria logo depois. Novamente não ligou, cheguei a casa e fiquei esperando, e nada, fui dormir.

Bem tarde, nem sei que horas, ele ligou e falou que tinha reunião no trabalho por isso não havia ligado cedo. Não acreditei, sei que ele fica muito diferente quando está longe de mim. Acho que ele esta a procura de outro amor, ele parece insatisfeito, como se faltasse algo, sei que não consigo preencher o coração dele, por isso esta sempre a caça, voltando à lenda, o escorpião na sua essência não muda. Cada pessoa tem o direito de ser feliz, mas não precisa prender a outra, nem tão pouco magoar ninguém, talvez ele não tenha percebido o quanto tem me magoado com tudo o que tem feito... Há mágoas que abrem grandes feridas e que não se fecham nunca. São como chagas e não tem cura.

TEXTO DE AUTORIA DE:

NORMA SUELI

TERESÓPOLIS - RIO DE JANEIRO