Das Obras Marginais às Obras Literárias

Várias são as críticas apontadas para nossas obras literárias. Partindo do pressuposto de que nada é absoluto e que uma crítica realizada de forma errônea pode afastar para sempre nosso leitor, buscamos entender alguns métodos utilizados por nossos críticos para avaliação das mesmas. Por meio desse entendimento, procuramos apontar alguns aspectos negativos que, de forma, talvez, inconsciente faz com que o crítico literário não trabalhe, em hipótese alguma, com o subjetivo do autor e sim com sua importância à escrita cronológica, dando referência e ressalva ao seu tempo, tornando-se assim marcador de época.

Diante disso, fazem com que a obra seja analisada de forma fria e em geral, calculada, como se todas essas fossem escritas somente para mostrar seu tempo, tornando-se um calendário secular e em nome de uma universalidade classifica o que é bom e ruim.

A partir de Afrânio Coutinho, a crítica literária profissionaliza-se e desde então se fechou em teorias e hermetismo, o que impediria muitos possíveis leitores de serem introduzidos ao universo literário.

Sabemos, e nosso olhar não é ingênuo, que por mais que seja acusada de difícil, hermética e teórica, a crítica literária trouxe-nos excelentes estudos na área da historiografia literária, da sociologia da literatura, da própria crítica literária com sua teoria-crítica, tentando sistematicamente compreender o fenômeno literário particularmente em nossas condições culturais.

Na verdade, o que se esconde por trás dessas construções teóricas-críticas são os valores do crítico, que irão nortear a escolha e importância dada a determinados autores na história da literatura. E esses valores, em certo momento, deixam de seguir uma pura análise para assumir outro papel, uma vez que se profissionaliza, logo se capitaliza, fazendo assim que analisem o que, quiçá, nem leram.

Contudo, bem sabemos que por trás de toda escrita existe “alguma” coisa que pulsa e que por mais que tenha um objetivo calculado, sempre será lido por vários olhos e que cada olhar analisa também com sua subjetividade e com “aquilo” que mais o identifica. Afinal, o objeto da crítica literária é a obra literária e essa somente passa a existir quando interagem, autor, obra e leitor.

Pois bem, quem nos garante a certeza na análise do crítico? Como analisa? De que ponto de vista parte e com que autonomia refere-se “aquilo” que não escreveu?

O crítico literário, quando lê, aprende a ler com filtros teóricos. Tem a perda de algo que nunca teve de verdade: a leitura inocente, a relação do puro prazer com a literatura. Não tem nenhum ato de linguagem inocente, toda sua leitura é crítica. Falar, escrever, ler e interpretar são ações que acontecem à luz da ideologia que nos constitui, até mesmo quando pregamos a não-ideologia. Esse, às vezes, esquece disso e reflete um vazio de sentido naquilo que rabisca. Escreve para manter a pose intelectual sintonizado com o próprio tempo. Experimenta uma inteligência artificial que periga apagar para sempre sua sensibilidade. Fica, muitas vezes, confuso e impotente com tantas teorias da interpretação. Tece para uma academia que declarou o fim da leitura livre e instaurou o discurso da crítica acadêmica mecanicamente especializada.

Nosso leitor quer ler, entretanto, quer ler algo puro, que não tenha sido analisado por outrem, a ponto de classificá-la de boa ou ruim, que fale a sua linguagem e ai estão os novos escritores, quase sempre, sem serem aceitos e o que é pior, sendo bombardeados sabe-se lá por quem e por que.

Paulo Coelho, entre outros escritores, é uma pergunta ou uma resposta para Academia Brasileira de Letras? E quem é a Academia Brasileira de Letras? Não seria esse escritor o condutor de 53 milhões de leitores? E não é esse o papel do escritor, trazer o leitor para dentro dos livros? Esse autor não escreve a época em que vivemos, na qual o homem procura-as (?) entender? Pensamos que mais vale um Paulo Coelho na mão do que dez Machado de Assis voando no tempo.

Começar a leitura é muito importante, porque todo leitor, para se tornar um, precisa começar e esse começar não deve ser classificatório.

A era do conhecimento, a partir de 2050, está propícia a classificar somente para dez anos esse conhecimento. E que nos vale reter somente aquilo que foi determinado como eterno?

Vivemos um novo tempo, nosso receptor está pronto, mas precisa de algo que seja como ele e de alguém que pense também como ele.

Buscamos por tanto tempo classificar nossa obra com seu tempo, mas nos perdemos no caminho e parece-nos que nossos críticos estão tão velhos quanto nossas obras. Claro, que bem sabemos a grandeza de Machado de Assis, o maior realista brasileiro, que ao escrever conseguiu colocar o leitor diante do objeto ou fato narrado. Não se discute sua grandeza, todavia precisamos entender que formar leitor com Machado de Assis torna-se um tanto complicado, uma vez que o mesmo não fala a língua do jovem de hoje. Sem contar que a época machadiana era, sem dúvida alguma, uma época muito mais lenta, muito mais descritiva e maravilhosa é bem verdade, mas que temos hoje como registro de época social. Voando no tempo e no espaço, seria a mesma coisa que formarmos leitores com Os Lusíadas, sinceramente, bem sabemos que jovem algum, a não ser aqueles que têm a leitura como herança, conseguiria ler Camões.

Objetivamos não assumir o papel do crítico, mas entender esse indivíduo e suas ferramentas de trabalho, buscando com isso o entendimento do nosso próprio tempo e, quem sabe, lançar uma nova proposta de análise.

Entendemos que nosso conceito de arte deve ser determinado pela época em que a mesma está situada, para ser entendida uma obra buscamos muito mais que o conceito classificatório, o qual acreditamos ser necessário, mas não determinante.

Conforme a enciclopédia Barsa, “literatura é o conjunto de todas as manifestações verbais (orais ou escritas), e de intenção estética, seja do espírito humano em geral, seja de uma dada cultura ou sociedade”. De outra maneira, podemos dizer que: “literatura é aquilo que comunidades de leitores, de tempos em tempos, convencionam reconhecer como prática discursiva e significante”. (http://www.cce.ufsc.br/~pglb/html/cont-mod.html).

A literatura atual é marcada por vários estilos e épocas literárias, contribuindo significativamente com o acervo da literatura universal, o qual é conceitualmente descrito como a literatura que abrange geograficamente e historicamente a maior gama de idéias culturais, sendo leituras consagradas por diversos povos, orientais e ocidentais, ou seja, que transcenda o seu território de origem em que foi publicado.

Condicionada pela tradição cultural e pelo devir histórico, a literatura tem, no entanto, uma dimensão que não se define somente pelas circunstâncias em que se produz. Nela, o talento individual do artista e a sensibilidade para os problemas de seu tempo são determinantes para mostrar, discutir ou criticar os principais aspectos de uma cultura. (ENCICLOPÉDIA BRITANICA DO BRASIL PUBLICAÇÕES, 1997).

A literatura universal são difusões de cultura de diferentes povos, Santos e Pereira (1999, p. 18), comentam: “que existem diferentes contribuições à literatura universal, à grande literatura”. Continuando com a idéia de literatura universal, os autores complementam que: “não existem literaturas menores, mas contribuições distintas no concerto da literatura universal”. Estas contribuições acontecem em vários níveis, entre: os autores; autores e leitores; autores, educadores e leitores, formando um grande grupo literário, o que exige certa compreensão de todos os seus membros, que forma opiniões e necessitando o respeito mútuo, para que seja alcançado um dos principais objetivos da literatura, que é a comunicação por meio da troca de idéias, sem espaço para a distinção cultural.

Esta troca de informações, idéias e cultura, fazem da literatura uma grande expressão da arte, tendo capacidade integradora, em que retoma e atualiza a própria condição existencial de um ser situado, que não conhece o mundo como uma coleção de objetos diante de si, mas como horizonte originário do sentido que se materializa em cada experiência vivida. Como assinala Kuperman (1973, p. 45):

Horizonte externo significa uma abertura e uma infinitude de objetos co-implicados nos objetos percebidos. Os horizontes dos diversos objetos por sua vez se implicam e se fundam mutuamente e em última instância remetem a um horizonte total. Este horizonte total é chamado mundo. Em toda experiência de algo singular co-implicamos necessariamente o mundo.

Plasmando âmbitos de realidade, instaurando mundos possíveis, a obra de arte restitui aquela unidade originária do existir, aquela contínua intimidade com o múltiplo que caracteriza a experiência de estar vivo.

Uma obra que é produto de um ato instaurador humano apresenta as características do real: unidade interna, efetividade, expressividade, comunicabilidade, interferibilidade, luminosidade... Este modo de existência não meramente fáctica, opaca, mas alumiadora de um mundo de sentido e de sentimento é o que a ação instauradora do artista persegue (QUINTÁS, 1992, p. 148).

O critério da unidade estabelece, enfim, a ponte entre a surpresa provocada pelo belo e a familiaridade com que a arte, acolhendo-nos em seu mundo, imita o modo como o real nos acolhe, em conjunto com um "mundo". Ele alude, assim, ao modo como, na experiência estética, se realiza a fusão, o encontro, entre sujeito fruidor e objeto de fruição, pois "o caráter estético de um ato ou de uma coisa é sua função de totalidade, sua existência, ao mesmo tempo, subjetiva e objetiva" (SIMONDON apud DUFRENNE, 1981, p.240).

Se o homem, na experiência estética, não realiza necessariamente sua vocação, ao menos manifesta melhor sua condição: essa experiência revela sua relação mais profunda e mais estreita com o mundo. Se ele tem necessidade do belo, é na medida em que precisa se sentir no mundo. Estar no mundo não é ser uma coisa entre as coisas, é sentir-se em casa entre as coisas, mesmo as mais surpreendentes e as mais terríveis porque elas são expressivas (DUFRENNE, 1981, p.25).

As obras da literatura universal apresentam-se por meio de momentos históricos distintos, também denominados de períodos literários, que coincidem com movimentos de outras artes e ciências do conhecimento, sendo apresentadas obras desde Platão e Aristóteles , da Idade Média, da época do Renascimento, Romantismo. Podemos encontrar clássicos da literatura no movimento do Realismo, simbolismo, passando pelo modernismo e chegando a contemporaneidade.

Autor de vasta obra filosófica, Platão preocupou-se com o conhecimento das verdades essenciais que determinam a realidade e, a partir disso, estabeleceu os princípios éticos que devem nortear o mundo social. Seu pensamento foi absorvido pelo cristianismo primitivo e, junto com seu mestre Sócrates e o discípulo Aristóteles, lançou os alicerces sobre os quais se assentaria as bases de toda a filosofia ocidental. (ENCICLOPÉDIA BRITANICA DO BRASIL PUBLICAÇÕES, 1997).

Platão não deixou que suas idéias ficassem perdidas, organizando todo seu conhecimento em diversas obras literárias, que revelam o momento histórico, a manifestação da cultura de sua época, e seu pensamento.

A obra de Platão foi escrita na forma de diálogos, com exceção da Apologia de Sócrates. Um dos sinais do prestígio do filósofo é o fato de seus textos terem sido conservados na totalidade. Entretanto, foram-lhe atribuídos diversos escritos que hoje são considerados espúrios. Conquanto não exista unanimidade total entre os especialistas, o emprego de critérios estilísticos e conceituais, em particular os referentes à evolução do pensamento platônico, permitiu estabelecer, em linhas gerais, uma ordenação de seu trabalho na seguinte ordem cronológica: Diálogos socráticos ou de juventude, Diálogos construtivos ou da maturidade, Diálogos tardios. (ENCICLOPÉDIA BRITANICA DO BRASIL PUBLICAÇÕES, 1997).

Em Platão, a destreza (tekné), enquanto habilidade em geral produtora de objetos ou imagens, associa a arte à imitação (mimesis) e a beleza à medida ou à proporção, no sentido geral e moral de adequação ou conveniência à função. O que torna-o um expoente da literatura universal.

Perderam-se todas as obras publicadas por Aristóteles, com exceção da Constituição de Atenas, descoberta em 1890. As obras conhecidas resultaram de notas para cursos e conferências do filósofo, ordenadas de início por alguns discípulos e depois, de forma mais sistemática, por Adronico de Rodes (c. 60 a.C.). (ENCICLOPÉDIA BRITANICA DO BRASIL PUBLICAÇÕES, 1997).

Platão (428-348 a.C) e Aristóteles (384-322 a.C.) marcam o período em que

viveram por meio de suas obras, demonstrando preocupações com o pensamento, reflexão, lógica, fenômenos naturais, metafísica, ética, vida animal, política, retórica e poética.

Como nenhum filósofo antes dele, Aristóteles compreendeu a necessidade de integrar o pensamento anterior a sua própria pesquisa. Por isso começa procurando resolver o problema do conhecimento do ser a partir das antinomias acumuladas por seus predecessores: unidade e multiplicidade, percepção intelectual e percepção sensível, identidade e mudança, problemas fundamentais, ao mesmo tempo, do ser e do conhecimento. (ENCICLOPÉDIA BRITANICA DO BRASIL PUBLICAÇÕES, 1997).

Para Aristóteles, o prazer da beleza está associado à perfeição e à unidade orgânica que se materializa na dimensão e na disposição ordenada das partes (e, no caso da representação dramática, no critério universal da necessidade, traduzida pela sensação de inevitabilidade do desenvolvimento do argumento). A experiência estética enquanto tal se realiza na purgação catártica das emoções e no aprendizado racional que reconduz a imitação artística ao campo do "pensamento" que constitui as três dimensões da experiência: conhecimento (theoria), ação (praxis) e realização (poiesis).

O projeto de Aristóteles visa em última análise restabelecer a unidade do homem consigo mesmo e com o mundo, tanto quanto o projeto de Platão, baseado numa visão do cosmos. Entretanto, Aristóteles censura a Platão ter seguido um caminho ilusório, que retira a natureza do alcance da ciência. Aristóteles procura apoio na psicologia. O ser existe diferentemente na inteligência e nas coisas, mas o intelecto ativo, que é atributo da primeira, capta nas últimas o que elas têm de inteligível, estabelecendo-se dessa forma um plano de homogeneidade. (ENCICLOPÉDIA BRITANICA DO BRASIL PUBLICAÇÕES, 1997).

Para os filósofos clássicos posteriores, essa correspondência se traduz na relação entre a virtude de uma vida ordenada (e vivida com decoro) e a harmonia na disposição das partes do objeto estético (o estocicismo de Zenão, Crisipo, Diógenes...) ou na "unidade da forma e do conteúdo" (o epicurismo de Filodemo) ou no gozo provocado pelo reconhecimento da afinidade que há entre a alma do contemplador e o objeto contemplado, enquanto participantes da "forma ideal", em sua divindade (o neoplatonismo de Plotino).

O surgimento do cristianismo nos territórios que haviam formado o Império Romano incutiu na Europa a atitude geral para com a vida, a literatura e a religião dos primeiros doutores da igreja. No Ocidente, a fusão das filosofias cristã e clássica formou a base do hábito medieval de interpretar simbolicamente a vida. Por intermédio de santo Agostinho, os pensamentos platônico e cristão reconciliaram-se. A organização permanente e uniforme do universo grego recebeu forma cristã e a natureza tornou-se um sacramento, revelação simbólica da verdade espiritual. (ENCICLOPÉDIA BRITANICA DO BRASIL PUBLICAÇÕES, 1997).

Na Idade Média, a beleza é normativa e se traduz ora em critérios derivados de um conceito de ordem ideal, alcançada por iluminação (Santo Agostinho e suas noções-chave de unidade, número, igualdade, proporção), ora em uma espécie de conhecimento do bem através da percepção, cujas condições são: integridade ou perfeição; proporção ou harmonia (consonância) e luminosidade ou claridade.

A igreja não apenas estabeleceu o objetivo da literatura, como cuidou de preservá-la. Ao longo dos tempos, os mosteiros criados nos séculos VI e VII conseguiram preservar a literatura clássica do Ocidente, enquanto a Europa era varrida por godos, vândalos, francos e, mais tarde, escandinavos. Os autores clássicos romanos assim preservados e as obras que continuavam a ser escritas em latim predominaram sobre as obras vernáculas durante quase toda a Idade Média. A Cidade de Deus, de santo Agostinho; a História eclesiástica, do venerável Beda; e a crônica dinamarquesa de Saxo Grammaticus, por exemplo, foram todas escritas em latim, como a maioria das principais obras sobre filosofia, teologia, história e ciência. (ENCICLOPÉDIA BRITANICA DO BRASIL PUBLICAÇÕES, 1997).

“O Renascimento valoriza sobremaneira a faculdade de conhecimento e a soberania de raciocínio, capazes de conduzir os homens a grandes proezas como as que canta Camões (1524-1580) em Os Lusíadas, a épica das grandes navegações portuguesas”, neste estilo literário, encontramos uma forma linear, com a caracterização centrada em limites claros, precisos, composta em superfície, limitada em si mesma e claridade absoluta. (CADEMARTORI, 1987, p. 17-18).

O despertar de um novo espírito de curiosidade intelectual e artística foi a característica dominante do Renascimento. Esse fenômeno político, religioso e filosófico postulou o ressurgimento do espírito da Grécia antiga e de Roma. Na literatura, isso significou um interesse renovado e a releitura dos grandes escritores clássicos. Acadêmicos buscaram e traduziram textos antigos "perdidos", cuja disseminação foi possível graças aos progressos da imprensa na Europa, a partir de 1450. (ENCICLOPÉDIA BRITANICA DO BRASIL PUBLICAÇÕES, 1997).

No Renascimento, a busca da destreza clássica da imitação se traduz no interesse pela fidelidade da representação e nos detalhados estudos de proporção e perspectiva, enquanto no Racionalismo Ilustrado, a arte é vista como "conhecimento sensível" (Baumgarten) que é capaz de imitar a natureza e seguir as normas da razão (segundo os critérios cartesianos do universal, do normativo, do essencial, do característico e do ideal). (www.msn.com.br/literaturadetodosostempos.html).

A arte e a literatura atingiram no Renascimento uma estatura nunca vista em períodos anteriores. A época foi marcada por três situações históricas principais: primeiramente, o novo interesse pelo saber, representado pelos acadêmicos clássicos conhecidos como humanistas, que forneceram modelos clássicos de grande interesse para os novos escritores; segundo, a nova forma do cristianismo, iniciada pela Reforma protestante liderada por Lutero, que chamou a atenção dos homens para o indivíduo e sua vida interior, a ponto de gerar nos países católicos a réplica da Contra-Reforma; em terceiro lugar, as grandes navegações, que culminaram com a descoberta da América em 1492 por Colombo, com repercussão nos países que fundaram impérios ultramarinos, assim como na imaginação e consciência da maior parte dos escritores da época. (ENCICLOPÉDIA BRITANICA DO BRASIL PUBLICAÇÕES, 1997).

No Empirismo Ilustrado, aquela correspondência se traduz na satisfação imaginária provocada pela beleza, enquanto "ordem e disposição das partes" (Hume), que introduz a problemática do gosto. Ou através de uma "faculdade estética" (o olho interno, associado ao sentido moral, em Shaftsbury), capaz de discernir as três qualidades que originariam “os prazeres da imaginação”: grandeza (sublimidade), singularidade (novidade) e beleza (Joseph Addison), ou através dos sentimentos evocados por qualidades perceptivas que produzem efeitos fisiológicos equivalentes aos naturais (amor sem desejo, na beleza e assombro sem perigo real, no caso da sublimidade – Burke). (www.msn.com.br/literaturadetodosostempos.html).

No âmbito do Idealismo Alemão, Kant fala da harmonia das faculdades (entendimento e imaginação) que realizaria a relação entre os mundos da natureza e da liberdade, num sentido teológico-moral que se radicaliza na idéia (espiritual) do sublime como "o que agrada imediatamente pela resistência ao interesse dos sentidos". Em Schiller, o impulso de jogo, que responde à forma vivente da beleza do mundo, sintetiza os dois impulsos básicos do homem: o impulso formal e o impulso material. Schelling reúne, sob a "intuição artística" (ao mesmo tempo consciente e inconsciente), a deliberação (Kunst) e a inspiração (Poesie), numa harmonia entre liberdade e necessidade. Já para Hegel, a beleza é a encarnação da idéia nas formas materiais produzidas pela arte, o que proporcionaria simultaneamente uma relação cognoscitiva da verdade e uma revigoração do observador, pelas quais o homem explicita para si mesmo o que ele é e pode ser. (www.msn.com.br/literaturadetodosostempos.html).

Um dos períodos mais interessantes e vitais de toda a história das literaturas foi o século XIX, de especial interesse por ser a época de formação de muitas tendências literárias modernas. Nesse período, nasceram ou começaram a se formar o romantismo, o simbolismo e o realismo, assim como algumas das vertentes do modernismo do século XX. (ENCICLOPÉDIA BRITANICA DO BRASIL PUBLICAÇÕES, 1997).

Os românticos, em geral, conceberam a arte essencialmente como expressão das emoções pessoais do artista, mas através de uma noção de imaginação que supera a razão e o entendimento e se apresenta como capacidade de captar imediatamente a verdade, estabelecem uma nova versão do enfoque cognoscitivo da arte. No limite, as concepções organicistas (Herder, Coleridge) definem a obra de arte como um todo orgânico, que reúne elementos vinculados por uma unidade profunda, que chegaria a ser concebida como um "símbolo", ou seja, como a encarnação material de um significado espiritual (Goethe, Schlegel, Wordsworth), ainda que se possa conferir a este sentidos diferenciados, como em Schopenhauer - para quem a contemplação das idéias universais representadas artisticamente nos libertariam da vontade e do princípio de razão suficiente - e Nietzsche - para quem a arte, compreendida como uma conjunção entre os impulsos apolíneos e dionisíacos e expressando a superabundância da vontade de potência do artista, seria um "tônico" e um grande "sim" à vida. (www.msn.com.br/literaturadetodosostempos/variosestilos.html).

Para Lígia Cademartori, 1987 (p. 39), o Romantismo:

representou um dos estilos mais importantes na história da mentalidade ocidental. O direito do autor de seguir seus sentimentos, nunca antes, na história da arte, havia sido incondicionalmente acentuado, e jamais tinham sido tão enfaticamente desprezados o auto-domínio, a razão e a sobriedade. Por esse seu caráter contestador e revolucionário, o Romantismo desempenha um papel determinante na história da arte. A sensibilidade, a audácia, a anarquia e a sutileza da arte de hoje procedem da rebeldia romântica.

Essa relação com a vida assume um estatuto empírico e até mesmo experimental no projeto realista ou naturalista (no sentido de Zola), no qual a arte é considerada como uma manifestação da natureza humana e dos condicionamentos sociais ou, mais radicalmente, como “expressão da felicidade do homem em seu trabalho" e signo da fraternidade humana (Tolstoi). Os estilos não são taxativos, são desdobramentos da literatura, sendo expressa de várias formas por meio da liberdade do livre pensar. Desta maneira, não temos o encerramento brusco entre o “encerramento” de um estilo literário e o iniciar de outro estilo, há a transição harmônica, inexistindo cessão total de um estilo, apenas sua diminuição. (www.msn.com.br/literaturadetodosostempos.html).

O cientificismo preponderante no pensamento, somado à industrialização progressiva e à vitória do capitalismo, cria o ambiente onde se deflagra o combate que se estenderá, por muito tempo, contra o sentimentalismo romântico, o tom confessional das obras, o convencionalismo da linguagem do Romantismo. A literatura produzida passa a apresentar as características das concepções em voga nesse período: busca a objetividade, crê na razão e preocupa-se com o social. A essa tendência, oposta ao idealismo romântico, dá-se o nome de Realismo, estilo que pretende fixar-se no real e no homem comum, assoberbado por problemas prosaicos e rotineiros. (CADEMARTORI, 1987, p. 45).

Proença Filho (1989, p. 211), ressalta a importância de diferenciar o “estado de alma romântico” e o “movimento literário” chamado Romantismo, sendo este um movimento estético que forma um estilo de vida e arte predominante na sociedade ocidental, compreendido entre o final do século XVIII e o início do século XIX.

O primeiro poeta pós-romântico foi possivelmente um alemão, Heinrich Heine, mas a poesia alemã de meados do século XIX em sua maior parte seguiu Wordsworth, embora novas tendências fossem encontradas em Karl August von Platen-Hallermünde e no austríaco Nikolaus Lenau. A principal corrente pós-romântica apareceria na França, onde ganhou força um movimento conhecido como parnasianismo. Originado com Théophile Gautier, o parnasianismo, mais que uma reação ao romantismo, foi de certa maneira um seu desdobramento. Ao concentrar-se nos elementos puramente formais da poesia, na estética e na "arte pela arte", mudou a direção da poesia francesa e teve muita influência em outros países. Um de seus mais ilustres representantes, Charles Baudelaire, capaz de acreditar que "tudo que não fosse arte era feio e inútil", processou ao mesmo tempo uma ruptura profunda com o movimento e anunciou os caminhos da poesia moderna. (ENCICLOPÉDIA BRITANICA DO BRASIL PUBLICAÇÕES, 1997).

Na transição do período literário denominado Romantismo e o Modernismo, encontramos outros estilos, como o Realismo, o Simbolismo, e o Impressionismo que no Brasil apresenta-se na obra de Raul Pompéia, Machado de Assis, que revelaram independência frente as tendências do Simbolismo, transições de idéias e repercussão dos movimentos apresentados aos literários que através de suas obras demonstram a diversidade de estilos de vida e arte.

Outro precursor dos modernos foi o americano Edgar Allan Poe, traduzido para o francês pelo próprio Baudelaire. Difundiram-se, pouco depois, os movimentos impressionista e simbolista, tomados de empréstimo à pintura, à escultura e à música. Paul Verlaine, o primeiro dos impressionistas, usava a sugestão e ritmos fugazes para conseguir seus efeitos. O simbolismo, uso seletivo das palavras e imagens para evocar atmosferas e significados sutis aparece ainda nas obras de Mallarmé e Rimbaud. (ENCICLOPÉDIA BRITANICA DO BRASIL PUBLICAÇÕES, 1997).

Para Cademartori (1987, p. 62), o Modernismo não é um estilo, e sim uma união de estilos de um determinado período, apresentando determinados pontos em comum, principalmente o questionamento do espaço do homem como sujeito do conhecimento, em que se tem abalo ocasionado por esse questionamento que se reflete, por meio da “manifestação artística”.

A democratização da educação aumentou a procura do romance. No começo do século XIX, Jane Austen já satirizara os excessos do romance gótico, precursor do romantismo medievalizante do fim do século XVIII. Na França, o conflito entre inteligência e emoção apareceu nas obras de Benjamin Constant (Adolphe, 1816), mais notavelmente em Le Rouge et le noir (1830; O vermelho e o negro) de Stendhal e, posteriormente, em Madame Bovary (1857) de Gustave Flaubert. O realismo da obra de Flaubert e de Honoré de Balzac foi levado adiante por Guy de Maupassant na França, Giovanni Verga na Itália e Eça de Queirós em Portugal. Culminou no naturalismo de Émile Zola, que classificou sua prosa, em romances como Thérèse Raquin (1867), de "autópsia literária". (ENCICLOPÉDIA BRITANICA DO BRASIL PUBLICAÇÕES, 1997).

O mundo vive suas transformações, em que cada povo tem suas evoluções distintas das demais nações, mesmo com o advento das navegações, nesta época ainda não existia a globalização, o que permitia vivermos numa mesma época mais de um estilo literário, expressando o dinamismo desta sociedade que começa a partir do Renascimento a busca por melhor condições de vida, pela economia, política, ciências exatas e humanas, enriquecendo desta forma tudo que conhecemos hoje de obras literárias.

No Brasil, o Modernismo costuma ser dividido em duas gerações. Na primeira, a poesia tem a proeminência, a partir da Semana da Arte Moderna, em 1922, e graças à liderança de Mário de Andrade e Oswald de Andrade e à presença de Manuel Bandeira. Na segunda geração, por volta de 1930, a ficção brasileira é enriquecida com a obra d Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Jorge Amado, Érico Veríssimo, Rachel de Queirós. Na poesia, destacam-se os nomes de Jorge de Lima, Murilo Mendes e Carlos Drummond de Andrade. (CADEMARTORI, 1987, p. 68-69).

Com todas essas transições e o constante acréscimo de estilos, podemos dizer que há evolução para diferentes lados da literatura, o que a enriqueceu, o que nota-se, porém é que não se tem este movimento por parte dos educadores nas salas de aula, para conscientizar os alunos da importância da leitura, de uma forma livre, democrática e enriquecedora. Encontramos muitos críticos dentro e fora dos educandários, ditando o que deve ou não ser lido, o que muitas vezes acaba por influenciar na elaboração de livros. Na época em que vivemos do contemporâneo, enfrentamos este problema, a falta de leitores, para solucionar devemos procurar resgatar os leitores, com a liberdade de leitura, para somente após a leitura de obras que o leitor já contemplou explicar os diversos tipos de leitura, demonstrar, comentar, e até quem sabe criticar construtivamente obras literárias, mas primeiro vamos incentivar o inicio da literatura, mesmo que sejam os gibis, que são literaturas “marginais” e contemporâneas.

O abandono das tendências e estilos do século XIX não se limitou aos escritores de ficção. O primeiro Manifeste du surréalisme (1924), de André Breton, foi a afirmação inicial de um movimento que pedia espontaneidade e ruptura total com a tradição. No surrealismo, a influência de Freud transparecia pela importância atribuída aos sonhos, na escrita automática e em outros métodos não lógicos e, embora tenha durado pouco como movimento formal, teve efeito duradouro na arte e na poesia do século XX. (ENCICLOPÉDIA BRITANICA DO BRASIL PUBLICAÇÕES, 1997).

Nas teorias estéticas contemporâneas, finalmente, voltamos a encontrar o tema da unidade e da inserção no mundo sob diversos aspectos. Em teorias de inspiração metafísica, como a estética de Benedito Croce, por exemplo, a expressão é associada a um conhecimento intuitivo e a arte concebida como passagem dos meros dados sensoriais a um nível de autoclarificação das impressões. No amplo aspecto do pragmatismo de origem norte-americana, a estética assume um sentido contextualista no qual se acentua a continuidade entre a arte e o resto da vida e da cultura. Com sua teoria da beleza como "prazer objetivado", por exemplo, George Santayana deu uma significativa contribuição no sentido de relativizar a separação entre as belas artes e as artes "úteis". (www.msn.com.br/literaturadetodosostempos/ variosestilos.html).

Tal diversidade não propicia o enquadramento da arte contemporânea em uma única tendência. A descontinuidade não permite o rótulo com que, comodamente, identificamos a arte de outros séculos. Apesar disso, é possível caracterizar a expressão artística hodierna por fatores que a particularizam e, entre eles, sem dúvida, é de grande relevância o que diz respeito à indústria cultura e à sociedade de massa. (CADEMARTORI, 1987, p. 71).

Lígia Cademartori (1987, p. 74), descreve a existência de diversidade nas manifestações da literatura contemporânea, por meio de discursos como “o de Autran Dourado, Lygia Fagundes Telles, Nélida Piñon, narrativa; Ferreira Gullar e Affonso Romano de Sant’Anna na poesia”.

A experimentação formal, no entanto, é apenas um aspecto da questão literária contemporânea, e afirmar que a literatura moderna desde a segunda guerra mundial foi essencialmente experimental seria ignorar outras tendências que se manifestaram no início do século e que ainda continuam a ser discutidas. Na opinião da maior parte dos bons críticos, apesar da escassez de grandes nomes e da natureza possivelmente transitória de muito do que se escreve nesta época de temas e estilos tão variados, é muito provável que uma boa literatura esteja sendo produzida. (ENCICLOPÉDIA BRITANICA DO BRASIL PUBLICAÇÕES, 1997).

Podemos afirmar que a cada nova época ou período literário, seus precursores ousaram, criaram estilos novos de literatura, libertando-se de correntes que estavam já consagradas, evoluindo e apresentando novas idéias, juntamente com outras ciências e artes, em movimentos que passaram do Medieval, Renascimento ao Modernismo e Contemporaneidade, neste mesmo caminho devemos conduzir o leitor, que deve ousar ler escritos de seu interesse, sendo incentivado pelos educadores, estes não podem utilizar-se do papel de críticos afugentando leitores em potencial, com intuito de colaborar com a simplicidade de alcançar o objetivo de obter um número significativo no vestibular, a literatura deve ser encarada como algo importante para a vida de todas as pessoas que pretendem ser cidadão consciente, e não simploriamente como um “trampolim” para alcançar a matricula num curso universitário.

Como podemos classificar as obras sem discriminação e pré-conceitos, a exemplo da separação de obras marginais e obras literárias, porque fizemos isto, desta forma não estamos distanciando o leitor da literatura, impondo-lhe restrições do que pode ou não ser lido, assim como faz a Academia Brasileira de Letras, que restringe seus associados, perdendo o seu objetivo com o da nação, que é democrática, contrariando restrições que esta instituição faz, ao selecionar quem pertencerá a seus quadros ou não, a exemplo de estrangeiros que não podem fazer parte da Academia Brasileira de Letras, e brasileiro que em suas especificações não atendem requisitos, como fazem também críticos que classificam obra literária universal e obras marginais, sabemos que restrições empobrecem, prendem-nos a amarras que interrompem a evolução do belo e da arte.

Referências Biblios

ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. A Academia de Hoje. Disponível em: <http://www.academia.org.br>. Acesso em: 05 mar. 2005.

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Gislaine Becker
Enviado por Gislaine Becker em 25/08/2009
Reeditado em 25/08/2009
Código do texto: T1773600
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