Revelação poética de Guarabira – uma análise de poemas temáticos
O poeta José Carlos Bernardino da Silva vem se destacando no meio literário guarabirense por sua crescente sensibilidade poética. Natural de Guarabira participou, em décadas passadas, de vários jornais alternativos, como repórter e colaborador. Os jornais periódicos Guararte e Gremec são exemplos de sua luta como repórter/colaborador. Atualmente é Agente Comunitário de Saúde no bairro do Nordeste I, onde reside. Nesta edição de Antologia, analisaremos dois de seus poemas (com temática referente ao amor) publicados no jornal cultural Guararte.
Esse enlace (referente ao amor) aparece de forma mais objetiva no poema intitulado Sentimento profundo (Sete versos, numa única estrofe). O poema traz nos verbos (pensar, querer – estar, tocar, beijar e amar) uma seqüência lógica de ações desejadas, imaginadas com certo detalhismo:
Não consigo deixar de pensar em você
Não quero perdê-la
Só quero estar ao seu lado
Só quero estar no seu lindo olhar
Quero tocá-la
Quero beijá-la
e eternamente amá-la.
(CARLOS, José. Guararte, nº. 17, 1996, p. 6).
Corpo e olhar se destacam num poema em que a repetição da negativa (não) se refaz no desejo (querer: tocar, beijar e amar), enquanto metáfora do “sentimento profundo”.
Um outro poema que joga com os termos comuns na descrição do sentimento amoroso é Poesia (Cinco versos com rimas irregulares, em única estrofe), apresentando um amor materializado, carnal:
Existe o amor
que arde e queima
mas é o calor
que na união
é a arte suprema.
(CARLOS, José. Guararte, nº. 27, 1997, p. 4).
A explicação surge do efeito contrário: antes de ser destrutivo (arder / queimar), o “calor” aparece como o símbolo do equilíbrio entre os amantes. Na união, este é posto como soberano: “arte suprema”.
Por fim destacamos, na íntegra, o poema “Beleza natural”, publicado mais recentemente.
Beleza natural
Sou o brilho das pedras preciosas
Dentre as conchas nos mares
Plenos de águas cristalinas
O sol radiante que tranqüilo repousa
Avermelhado sobre os corpos:
Seios, pernas, faces e curvas femininas
As ondas escaldantes, cáusticas
As areias finas das praias
Ilhas quentes e desertos fervorosos
A brisa suave do luar
Que sopra no entardecer
As melodias ouvidas no anoitecer
Os cantos das sereias aos casais
O arco-íris e o colorido
Que transforma as estações
O verde-louro que conquista
As flores perfumadas da primavera
O sereno nas serenatas das madrugadas
E as canções dos pássaros a contemplarem
A irrevogável beleza natural.
(CARLOS, José. ECO - Coletânea de Poesias de Poetas de Guarabira. 2003. p. 39)
*André Filho é professor de Língua Portuguesa (Ensino Fundamental e Médio) em Guarabira-PB. Também é escritor e poeta. Contatos: andref9@hotmail.com