Da análise crítica de textos literários (1)

As controvérsias que envolvem a atividade da análise crítica de textos literários surgem do padrão de análise que se utiliza como referência para o que os ditos “acadêmicos” consideram como valores literários...

Há até algumas décadas atrás, a literatura poética estava engessada nos moldes tradicionais da forma perfeita, da métrica impecável e da rima obrigatória.... Os autores eleitos criticamente eram os que engessavam seus textos segundo as estritas normas desses modelos... Forma perfeita...conteúdo precário.... A mensagem, ou melhor, a significação muitas vezes se perdia no arcabouço da rima forçada ou na insignificancia de uma ideia reduzida à métrica certa...

Posteriormente, com os avanços na area da psicologia, antropologia, e a chegada do Modernismo como movimento literario de busca pelo genuinamente autêntico, passou-se à percepção de que a significação extraída do texto supera em muito a armadura da forma....Os versos tornam-se livres, a expressão se atreve a experiementos de novas formas, a significação reina finalmente suprema na mente criadora ... A palavra ganha poderes diversos: literal, contextual e, principalmente, simbólico... A literatura necessita expressar uma verdade maior, uma realidade externa claramente avaliada ou uma realidade interna subjetiva mas evidentemente busca de questionamentos quanto ao conhecimento da alma humana e dos sentidos maiores da vida...

Neste sentido, a literatura moderna se distingue basicamente na literatura verdade, que busca , por um lado, criticar as mazelas sociais , conscientizar o leitor dos dogmas conjecturais da sociedade ainda injusta...poesia protesto, poesia social, marginal, e por aí vai.... Por outro lado, a poesia verdade ganha também maior introspecção na mente humana, desafia suas ardilosas e intrínsecas conexões dos contextos emocionais, desencrava tormentos que assolam o espírito e o questionamento filosófico da existência. Esta segunda categoria ganha força com os trabalhos de Lacan sobre a linguagem, de Yung sobre os arquétipos da mente humana e da simbologia ancestral enraizada no inconsciente coletivo de todo ser humano e que, mesmo de modo imperceptível, permeia a compreensão da significação absoluta de nossos dizeres.

Em suma, o significado advém, por um lado, das escolhas pessoais do autor e das relações estabelecidas entre as palavras do texto, de como as ideias se articulam e interagem na atribuição de seus valores contextuais.Por outro lado, também advém dessa significação geral ancestral que permeia o inconsciente da espécie humana em sua milenar luta de travar o conhecimento de si mesmo e do mundo....

Enfim, é nesta segunda categoria de análise textual moderna que me insiro quando necessito exercer a função de crítica literária... atividade que posso cumprir profissionalmente, mas que não é meu objetivo atual, voltado para ,simples e despretenciosamente, escrever poesia, do modo como ela me ocorre, flui, me chega do “ nada”... ou melhor dizendo, dos arquétipos que encontro no caminho de nosso inconsciente em confronto com minhas vivências....

Entretanto, para esclarecer um pouco os leitores interessados e até para auxiliar-me na autocompreensão de meus próprios textos, estarei elucidando em pequenas doses, a significação simbólica arquetípica de elementos que compõem meus textos e que, espero possa auxiliar aos interessados...

Carmem Teresa Elias

Prof. Mestre em Letras

Carmem Teresa Elias
Enviado por Carmem Teresa Elias em 15/03/2010
Código do texto: T2139367
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.