O PROCESSO CRIATIVO, A ANÁLISE LITERÁRIA E O AUTOCONHECIMENTO

Hoje pela primeira vez parei para pensar racionalmente sobre meu processo criativo. Normalmente escrevo levada apenas pelo impulso e motivação inconsciente de escrever... E isso me basta em meu pretencioso papel de escritora... Mas afinal de onde vêm esse impulso criativo?

Tomei como análise a motivação do texto Chama. Para me ocupar em momento de aflição , me distrai procurando imagens no google.... E me encantei de modo surpreendente com a imagem da balairina em chamas ( delicadas chamas) com a qual ilustro atualmente minha página no Recanto... A imagem ficou em minha mente....dois... três dias... Até que em minha caminhada meditativa, o texto me chegou, como sempre de súbito, em pleno calçadão de Copacabana. E lá estava eu de novo, feito uma louca varrida, andando e escrevendo num pedaço de nota fiscal....

A imagem continuou na mente... Chegou Chama 2 em continuação, uma espécie de “ situação paralela”... e já escrevi Chama 3, 4,( mas não devo publicar pois estão em outro idioma...)

Bem acontecimentos para cá.... frustrações para lá.... me vi no rumo de repensar nos tempos em que analisava teoricamente textos de autores consagrados... e acabei agora pela primeira vez aplicando essa teoria em meu próprio texto...

Acabei conseguindo descobrir bastante de mim mesma.... Foi da análise literária para o autoconhecimento.... Que salto!!!!!!

Em primeiro lugar a imagem...detonador de todo o resto e aspecto que elucidarei aqui.... Nela temos o elemento chama, em primeiro lugar, acompanhado dos conceitos de dança , vestes ( vestido da bailarina) e do tom vermelho. Recorrendo então significação da simbologia arquetípica destes elementos encontramos as seguintes explicações:

Chama – Em todas as tradições a chama é um símbolo de purificação, de iluminação e de amor espirituais...” è a imagem do espírito e da transcendencia, a alma do fogo”...

Dança- No Livro dos símbolos a dança é explicada como uma celebração e uma linguagem além da palavra “ onde as palavras já não bastam, o homem apela para a dança...” “manifestação da Vida, que só aspira rejeitar toda a dualidade do temporal para reencontrar, de um salto, a unidade primeira, em que corpos e almas, criador e criatura, visível e invisível se encontram e se soldam fora do tempo...A dança clama pela identificação com o imperecível; celebra-o.”

Vestes ( roupa) - “ A roupa é um símbolo exterior da atividade espiritual, a forma visível do homem interior... É também o corpo espiritual, o corpo de imortalidade assumido no final dos tempos...” É um dos primeiros indícios de uma consciencia de si mesmo, da consciencia moral e também revela aspectos da personalidade, em especial de sua função de influenciar...

Aqui para quebrar a seriedade vale ressaltar que destituir-se de roupas simboliza destruição da realidade e , de certa forma, renegar o sentido do símbolo e dessacralizar-se...Despir-se é ,pois , o despojamento da individualidade e da ligação com o sagrado e com o espiritual ...

Vermelho – característica da veste da imagem representa o princípio da vida, com sua força, seu poder , seu brilho... Sagrado e secreto é o mistério vital escondido...é a cor da alma , do coração, da ciência, do conhecimento que os sábios dissimulam sob seu manto e permanece interdito aos não-iniciados.....

Bem hoje paro por aqui.... Afinal estou só elucidando caminhos para compreensão do estímulo criador e nesse momento diante da perda e da morte, só mesmo a chama da vida para despertar tanto a minha necessidade de reintegração com o sagrado espiritual e celebrar a vida eterna ...

O resto é assunto pessoal meu e não conto a ninguém .Já escrevi demais ....

( Todas as citações e explicações simbólicas foram retiradas ipsis litteris do Dicionário de Símbolos de Jean Chevalier e Alain Gheerbrant )

Carmem Teresa Elias
Enviado por Carmem Teresa Elias em 15/03/2010
Código do texto: T2140273
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