"SERÁ ARTE?"

É fantástica a trajetória da poesia de vanguarda, como é perigosa, “soi-disant”, a auto definição poética.

Afirmar “o novo”, nem sempre é poetizar “o novo”, ou alcançar “o novo”.

Mesmo para “o novo”, a experimentação requer procedimentos técnicos e princípios formais que não podem ser deixados de lado.

Estudo! Modo de criação, jogos de linguagem, lógica poética, a metalinguagem, a criação do sentido... Senão palavras, são só palavras.

Que venha o novo! Mas sem a postura “soi-disant”!

que venha o novo! aberto às críticas e diálogos construtivos para o leitor e o autor!

Traduzir-se (fragmento)

de Ferreira Gullar

Uma parte de mim

pesa, pondera:

outra parte

delira.

Uma parte de mim

almoça e janta:

outra parte

se espanta.

Uma parte de mim

é permanente:

outra parte

se sabe de repente.

Uma parte de mim

é só vertigem:

outra parte,

linguagem.

Traduzir uma parte

na outra parte

— que é uma questão

de vida ou morte —

será arte?