A trova e seus fundamentos

A trova é uma das mais antigas formas poéticas. Ganhava aplausos tanto nos palácios como nas ruas. Por vezes era cantada, ou de forma simples, ou por mais de um trovador, as desgarradas em Portugal e os desafios no nordeste brasileiro.

A trova nada mais é do que uma pequena quadra de sete sílabas poéticas. Como muitos não sabem contar as sílabas poéticas, abro um pequeno estudo sobre a mesma. Um verso é contado silabicamente como na gramática.

No entanto, o verso é visto como soa. A poesia tem sua música e seu ritmo. Para um exemplo claro, tomemos a trova

"Parece troça, parece,

Mas é verdade patente

Que a gente nunca se esquece

De quem se esquece da gente.”

Jader Andrade

Fazendo a divisão silábica, na forma poética do primeiro verso fica:

Pa/re/ce/ tro/ça/, pa/re/.... e a última sílaba não é contada, por não ser forte, não soa assim quando declamado o verso. Contando as sílabas, são sete.

O segundo verso é escandido, forma correta de dizer que se está contando as sílabas:

Mas/ é/ ver/da/de pa/ten/.... e outra vez temos sete sílabas.

O terceiro e o quarto verso têm elisão. As vogais que terminam as palavras não são fortes, portanto

Quea/ gen/te/ nun/ca/ sees/que/... e as vogais juntam-se, por não serem fortes.

Finalmente, o último verso

De/ quem/ sees/que/ce/ da/ gen/... também com sete sílabas, porque a última é átona, ou fraca. Quando é forte, chama-se tônica.

A mesma regra de finais átonos terminados por vogais, juntam-se quando a palavra seguinte do verbo começa por ‘h’ mudo:

Tudo era história! Escandido como

Tu/doe/rahis/tó/... e a vogal átona juntou-se com o ‘h’ mudo.

Finalmente, existem duas figuras, chamadas diérese e síncrise, que autorizam o poeta a transformar um ditongo em duas sílabas, a diérese. Na síncrise dá-se o contrario. Por exemplo, a palavra ‘voa’ tem duas sílabas gramaticais e poéticas, mas pode haver síncrise e ela passar a ter uma só: voa/... Estas figuras são usadas de acordo com a necessidade do poeta em colocar os versos com a mesma contagem.

E temos a rima.

Manda a arte poética que o primeiro verso rime com o terceiro, e o segundo rime com o quarto. Alguns autores desobedecem. Rimam a primeira com a segunda e a terceira com a quarta. Prefira a tradicional, é mais bonita, basta ler muitas trovas.