A arte de escrever um roteiro

Escrever um roteiro não é uma tarefa fácil. Apesar de muitas pessoas se aventurarem neste caminho árduo, no qual eu me incluo, é sempre importante ressaltar que de cada cinquenta roteiros escritos, há no maximo um que você lê, relê e pode dizer que está bom, o que não significa necessariamente que ele pode ser encenado. Atendendo a pedidos de algumas pessoas que lêem meus textos aqui no recanto quero dividir um pouco de meus conhecimentos nesta área.

O primeiro roteiro que escrevi foi uma peça teatral chamada “Sangria”, que tratava do uso de crack, uma das drogas mais destrutivas já conhecidas. Para este roteiro precisei muito mais que uma boa história. Tive que buscar conhecimento sobre as técnicas teatrais, as qual agradeço Paulo Sergio Nigro pelas aulas, e saber exatamente o que colocar no papel, cada gesto que eu imaginei que devia dar ao personagem, cada particularidade que o cenário deve ter, deve estar expresso no roteiro de forma simples e entendível, sempre levando em conta as limitações que existem para que seja feita a encenação.

(...)Ato 8 - Quarto de Ramon, deve conter algumas roupas jogadas no chão (...)

Ramon: Po cara to fisuradão ai...(Pausa, olhando para a frente) Me quebra esta velho, me arranja mais um teco, to precisando Mano, nunca falhei contigo.

Suca: Você sabe que não da; cara. Eu já quase me ferrei com os homens por causa de você. Tu não paga e eu que ferro velhinho.

Ramon: Porra Suca eu juro que vou pagar, escolhe qualquer coisa daqui e leva velho e ai nos ficamos liso.

Suca: (Olha em volta, se aproxima do computador) Vou levar o PC então mano?

Ramon: Beleza Mano, mas me vê um teco ai?

Suca: (Entrega um papelote tirado do bolso) Fica me devendo este ai, mano!

Ramon: Ta na paiz amanhã eu pago!

- Suca começa desinstalar o computado enquanto Ramon pega o cachimbo e começa o uso. (...)

Este é apenas um trecho da peça que depois foi montada pelo diretor Cássio Nunes, na companhia de Teatro Mario Quintana.

Nota-se que por trás da história estão muitos fatos ocultos, que seu texto tem que dar a entender, mas que o diretor tem que captar.

O teatro é arte mais importante para um roteirista, e também para um ator, pois ela precisa ter sequencia de tempo, de estado, lugar, e condições, sem recurso da edição para solucionar qualquer problema neste sentido.

A historia não pode perder o sentido, deve seguir o ritmo, não pode desafinar, e você precisa preservar as condições dialogais de cada personagem, mas sempre dando a ela base, e não exatidão já que cabe a ator a montagem do personagem.

Então antes de começar um roteiro de teatro, estude a estória que você quer contar, e a imagine, sempre anotando, todos os detalhes que você quer dar para a estória em questão.

Espero que tenha ajudado... Abraços.

Jonas Martins
Enviado por Jonas Martins em 09/04/2011
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