O CONCRETISMO BRASILEIRO

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Movimentos de Vanguarda

 

O Concretismo, maior movimento poético de vanguarda,  surgiu a partir da década de 50, época em que o verso estava em crise diante da revolução industrial, e propunha:

(...) abolição da tirania do verso e proposta de uma nova sintaxe estrutural, no qual o branco da página, os caracteres tipográficos e a sua disposição no papel assumam relevo, embora se mantenha ainda o discurso e mesmo o verso, apenas dispersado (...)

Quer dizer: propunham o poema-objeto que objetivava participar das vantagens da comunicação visual sem abdicar das virtudes da palavra. Para isso, utilizariam múltiplos recursos: o acústico, o visual, o espaço tipográfico, a disposição geométrica das palavras e a carga semântica. Verifica-se então a união do som, do desenho e da poesia. O Concretismo, adotando o espaço em branco como agente estrutural do poema:

V V V V V V V V V V

V V V V V V V V V E

V V V V V V V V E L

V V V V V V V E L O

V V V V V V E L O C

V V V V V E L O C I

V V V V E L O C I D

V V V E L O C I D A

V V E L O C I D A D

V E L O C I D A D E            (Ronaldo Azevedo -1979)

Como se vê, fica explícito, portanto, que o poema concreto é mais para ser percebido como um todo do que lido em frações, como no verso tradicional. Por isso, explora e combina poucas palavras, geralmente substantivos.

O concretismo brasileiro foi lançado oficialmente em 1956, com a Exposição Nacional de Arte Concreta no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Participaram do evento os poetas paulistanos Décio Pignatare, Haroldo Campos, Augusto de Campos e alguns poetas do Rio que aderiram ao grupo, como Ferreira Gullar e Vlademir Dias Pino. Entretanto, as propostas concretistas  foram divulgadas a partir de 1952, quando da publicação da revista-livro Noigandres, (palavra de origem provençal que significa "antídoto contra o tédio") organizadas pelos poetas paulistanos, já citados. Foram publicados cinco números de antologias.

Registre-se que, embora esse movimento tenha crescido e participado em exposições internacionais de Arte Concreta, manteve-se um tanto afastado do público. De modo que, muitos poetas do grupo paulista, encabeçados por Ferreira Gullar e Reinaldo Jardim, partiram para outro estilo. Fundaram, em 1957, no Rio de Janeiro, o Neoconcretismo, movimento menos intelectualizado e mais ligado a nossa realidade cultural, admitindo a presença de elementos subjetivos na estruturação do poema. Fizeram do Suplemento Dominical do Jornal do Brasil seu porta-voz. Reuniram-se em 1959, na Exposição de Arte Neoconcreta no Museu de Arte Moderna do Rio, os poetas Ferreira Gullar e Reinaldo Jardim;  os artistas Amílcar de Castro, Franz Weissmann, Lígia Clark, Lígia Pape, Theon Spanudis entre muitos outros.

Além dos irmãos Campos e Décio Pignatare integram o movimento concretista: Pedro Xisto, Edgar Braga, Ronaldo Azeredo, Lino Grünewald, Hélio Oiticica, Lígia Clark, Ivan Serpa, Franz Josef Weissmann, Aluísio Rodrigues Carvão, para só citar esses. Alguns poetas que cultivaram e cultivam o verso tradicional produziram, ocasionalmente, poemas concretos. Eis alguns deles: Cassiano Ricardo, Manuel Bandeira e José Paulo Paes.

A seguir, um trecho do Plano-Piloto para a Poesia Concreta, documento-programa do movimento publicado em 1958 e assinado pelos irmãos Campos e por Décio Pignatare: "Poesia concreta: produto de uma evolução crítica de formas dando por encerrado o ciclo histórico do verso (unidade rítmico-formal), a poesia concreta começa por tomar conhecimento do espaço gráfico como agente estrutural". ®Sérgio.

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Bibliografia: Barde, Pietro Maria. O Modernismo no Brasil, São Paulo, Sudameris, 1978. / De Nicola, José. Literatura e Redação V.3, São Paulo: Scipione, 1998.

Se você encontrar omissões e/ou erros (inclusive de português), relate-me.

Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquer comentário. Volte sempre.

Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 12/04/2011
Reeditado em 13/04/2011
Código do texto: T2905290