Roubo Sacro - Dossiê IPHAN

Departamento de Letras / Departamento de Geografia e História

Graduação Letras – Disciplina: Cultura Brasileira - Profa. Dra. Laura

Nogueira Oliveira

Aluno: Luís Antônio Matias Soares

Leia os textos (Roubo Sacro, Dossiê IPHAN e Para Além da Pedra e Cal) e redija um texto de uma lauda relacionando todos eles.

Os textos abordam questões essenciais ao tema do patrimônio histórico, artístico e cultural, como aquela que relaciona a preservação do patrimônio presente em cada uma das cidades e/ou localidades brasileiras (cidades históricas ou não históricas) ou mesmo de países estrangeiros (como o caso das cidades de Burgos, Castela e Leon, na Espanha) e a pressão exercida sobre este patrimônio pela chamada modernização urbana; outras questões fazem referência à falta de cuidados existentes na guarda e na conservação do patrimônio, apontando a presença de dificuldades básicas como a ausência de vigias ou seguranças nas igrejas, palácios e museus, o roubo e a venda de peças barrocas e a pouca ou nenhuma participação dos governos municipais e da sociedade civil em relação a tais problemas e às políticas de conservação patrimonial.

Observa-se ainda nos textos o questionamento em torno de certa confusão relativa à idéia/visão do que seja de fato importante em certa época – com a inclusão nesse ponto de conceitos como progresso e modernização – seja variável no decorrer do tempo. Vejam-se como exemplos os casos da derrubada da Igreja da Sé, em Salvador, no ano de 1933 em decorrência da ideia de melhoria no trajeto dos bondes, mas que posteriormente veio a se mostrar sem qualquer relevância para a cidade; ou a derrubada do Palácio da Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro que, mesmo após 50 anos, continua sendo um espaço vazio e sem melhor utilização, abrigando hoje um estacionamento.

Outro aspecto destacado nos casos registrados nos textos trata do fato dos governos quase sempre desrespeitarem as populações locais, não dando a devida importância à ação e ao desejo de camadas da população ou a protestos contra ações como as anteriormente apontadas. Percebe-se então que muitas vezes a derrubada de construções centenárias se fez e continua ainda hoje a se fazer em decorrência da busca excessiva de lucros e/ou sem objetivos realmente significativos para a urbanização e melhoria dos espaços.

Destaca-se nos textos a importância do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) na luta pela conservação do patrimônio e sobre as importantes vitórias alcançadas pelo órgão. Junto a este tema, surgem os aspectos referentes a uma maior aceitação/apropriação do próprio IPHAN por populações que antes se sentiam à margem dessas questões muitas vezes por habitarem locais que não apresentavam construções (igrejas, palácios, museus) provenientes da época da colonização. Percebe-se atualmente neste sentido a expansão do conceito de patrimônio para além dos monumentos e igrejas, atingindo outros aspectos da vida coletiva como as festas populares (o samba do Rio de Janeiro enquanto patrimônio histórico brasileiro) e determinados tipos de dança ou modos de fazer alimentos (queijos de Minas, por exemplo).

Cabe ressaltar, finalmente, a necessidade atual de trazer – ou de conduzir – o patrimônio até sua fonte primeira: a população. Hoje - para além da ação estatal relativa ao tombamento e à recuperação - o patrimônio passa a ser captado pela população como algo de fato pertencente a ela. E que a sua guarda e conservação cabem tanto ao Estado quanto à sociedade civil. Afinal, só depois de apropriados e usufruídos pelas comunidades a que pertencem é que os variados patrimônios brasileiros passarão a ser parte integrante do dia a dia das pessoas e a fazer sentido para elas.