Um olhar psicopedagógico do fracasso na aprendizagem

Em pleno século XXI, constrói-se um novo olhar sobre a aprendizagem através da psicopedagogia, com o objetivo de:

...esclarecer, de forma mais ou menos sistemática, a professores, pais e administradores sobre as características das diferentes etapas do desenvolvimento, sobre o progresso nos processos de aprendizagem, sobre as condições psicodinâmicas da aprendizagem, sobre as condições determinantes de dificuldades de aprendizagem. O enfoque terapêutico considera o objeto de estudo da psicopedagogia a identificação, análise, elaboração de uma metodologia de diagnóstico e tratamento das dificuldades de aprendizagem (GOLBERT, Apud BOSSA 2000, p. 9).

No intuito de melhorar e atender aos alunos com dificuldade de aprendizagem a psicopedagogia busca superar e entender as causas do fracasso na aprendizagem sob um caráter Institucional e clinico. Até porque, ao identificar um aluno com fracasso na aprendizagem o psicopedagogo deverá ter um olhar mais atento sob o que está em oculto.

Para entendermos melhor a causa de uma criança ter dificuldade na aprendizagem, faz-se necessário entendermos o que é aprendizagem e o que é dificuldade de aprendizagem, pois esses são fatores importantes para compreendermos a criança no processo de aprender. Então, Celso Antunes afirma que:

Aprender é um processo que se inicia a partir do confronto entre a realidade objetiva e os diferentes significados que cada pessoa constrói acerca dessa realidade, considerando as experiências individuais e as regras sociais existentes (ANTUNES 2009, p, 32).

E dificuldade de Aprendizagem “é um tipo de desordem. A desordem afeta a capacidade do cérebro em receber e processar informação,pode tornar problemático para um indivíduo o aprendizado” ( Wikipédia ). Entende-se então, que aprender é um processo que acontece no interior do sujeito e manifesta-se em uma mudança de comportamento e que a dificuldade de aprendizagem é uma desordem intrínseca. A partir desses conceitos Pain diz que:

O sujeito que não aprende não realiza nenhuma das funções sociais da educação, acusando sem dúvida o fracasso da mesma, mas sucumbindo esse fracasso. A psicopeddagogia, como técnica da condução do processo psicológico da aprendizagem, traz com seu exercício o cumprimento de ambos os fins educativos (PAIN,1985).

Para Weiss quando ocorre a não-aprendizagem na escola ela classifica como uma das causas do fracasso escolar. A autora ressalta ainda que esse fracasso escolar é uma resposta insuficiente do aluno a uma exigência ou demanda da escola. E então ela analisa essa questão por diferentes perspectivas.

Na primeira perspectiva da sociedade consideram-se todas as influências na educação sendo elas a cultura, as condições e relações político-sociais e econômicas vigentes, os tipos de estrutura social, etc.. Até porque, no diagnostico dessa perspectiva da sociedade não podemos desconsiderar o motivo do aluno não aprender. Ao analisar as relações significativas existentes entre a produção escolar e as oportunidades reais que determinada sociedade possibilita aos representantes das diversas classes sociais resulta em uma frequência de alunos em “classes escolares especiais” o que na verdade lhes faltam é oportunidade de crescimento cultural, de rápida construção cognitiva e desenvolvimento da linguagem a vivencia num mundo letrado que possibilitará uma maior facilidade na leitura e escrita. Estaria esse aluno com problema de aprendizagem realmente ou como diz Alicia Fernandez quando diferencia fracasso escolar e problema de aprendizagem “a criança não tem um problema de aprendizagem, mas eu, como docente, tenho um problema de ensinagem com ele” (FERNANDEZ, 1994).

Na segunda perspectiva, a da escola, traz uma das maiores contribuição para o fracasso escolar de seus alunos, escolas desestruturadas, sem apoio material e pedagógico, professores desmotivados, desqualificados pela sociedade, pela família, pelos alunos, sem prazer de ensinar, e o desinteresse é visto apenas com um problema do aluno sendo ele encaminhado para um diagnostico psicopedagógico. Sem falar da evolução da tecnologia que na sociedade em que se vive hoje, a criança já nasce no meu tecnológico então apresenta muito mais facilidade de aprender através da tecnologia do que a geração X, e algumas escolas se recusam a envolver-se nesse contexto tecnológico e o resultado é a transformação daquele aluno saudável e inteligente que se recusa a se inserir num conhecimento parado, transformar-se em um “portador de problema de aprendizagem”

Na terceira perspectiva é a do aluno, a autora fala que esta perspectiva está ligada ao aluno enquanto aprendente, ou seja, às suas condições internas de aprendizagem e aos aspectos orgânicos, cognitivos, emocionais, sociais e pedagógicos que levam o aluno ao quadro do não aprendente.

Maria Cecília Caldas

REFERÊNCIAS

ANTUNES, C.Professores e professauros: reflexões sobre as aulas praticas pedagógicas diversas. 3 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.

BOSSA, N. A. A psicopedagogia no Brasil: Contribuições a partir da pratica. 2ª ed.-Artmed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

FERNÁNDEZ, A.- A inteligência aprisionada:abordagem psicopedagógica clínica da criança e sua família.Porto Alegre, Ed. Artes Médicas,1990.

FERNÁNDEZ, A. A mulher escondida na professora: uma leitura psicopedagógica do ser mulher, da corporalidade e da aprendizagem.Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1994.

HTTP://pt.wikipedia.org/wiki/Dificuldades_de_aprendizagem.

PAIN, S. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Porto Alegre:Artes Médcias, 1985.

WEISS,M.L.L.. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. 10 ed. Rio de Janeiro: DP & A, 2004.

Maria Cecília Caldas
Enviado por Maria Cecília Caldas em 23/05/2013
Reeditado em 25/05/2013
Código do texto: T4305728
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