A COESÃO EM ALGUNS TEXTOS NÃO SENDO PARTE ESSENCIAL PARA SE ESTABELECER A COERÊNCIA?

No livro Texto e Coerência, os autores, Ingedore Grunfeld Villaca Koch e Luiz Carlos Travaglia, tratam a partir de definições e de estudos de vários pesquisadores, de demonstrar os caminhos que possibilitam a um texto ser coerente.

O problema que os autores colocam em questão é que nenhum dos conceitos encontrados na literatura é capaz de conter em si todos os aspectos que considerem como definidores da coerência. A coerência teria a ver com a “boa formação” do texto, mas num sentido de boa formação em termos da interlocução comunicativa e não com qualquer idéia assemelhada à noção de gramaticalidade usada no nível da frase.

A posição dos autores é afirmar que a coesão contribui para estabelecer a coerência, mas não garante sua obtenção. Os elementos lingüísticos de coesão e conexão ajudam a estabelecer a coerência, mas não são nem suficientes, nem necessários para que a coerência seja estabelecida, sendo preciso contar com os conhecimentos exteriores ao texto. No livro podemos encontrar vários exemplos que esclarecem essas afirmações na comunicação oral e na escrita.

Os autores tratam dos diferentes conceitos definidores de coerência e sua relação com coesão. A coerência é semântica e pragmática, embora esses caracteres predominem, a coerência tem também uma dimensão sintática (gramatical lingüística). A coerência é profunda, subjacente à superfície textual, não linear, não marcada explicitamente na estrutura de superfície, também é global e hierarquisadora dos elementos do texto em que os sentidos desses elementos se subordinam ao sentido global unitário, os atos de fala que realizam se subordinam ao macroato de fala que o texto como um todo representa. Por esse motivo os estudiosos explicam que a coerência é um princípio de interpretabilidade e compreensão do texto caracterizado por tudo de que o processo aí implicado possa depender. A coerência tem a ver também com a produção do texto à medida que quem o faz quer que seja entendido por seu interlocutor, conforme se supõe pelo princípio de cooperação.

Paralelamente ao conceito de coerência, a coesão é explicitamente revelada através de marcas lingüísticas, índices formais na estrutura da seqüência lingüística e superficial do texto sendo de caráter linear. E nitidamente sintática e gramatical, mas também semântica segundo Halliday e Hansan (1976), a coesão é a relação semântica entre um elemento do texto e um outro elemento crucial para sua interpretação. A coesão é a ligação entre os elementos superficiais do texto, o modo com que eles se relacionam, o modo como frases ou partes delas se combinam para assegurar um desenvolvimento proporcional.

A coerência depende de alguns fatores para se estabelecer, para haver compreensão é preciso que o mundo textual do emissor e do receptor tenha um certo grau de similaridade, ligado ao conceito de conhecimento de mundo também constituindo o conhecimento partilhado que determina a estrutura informacional do texto em termos do que se convencionou chamar de dado novo. Informação que o falante apresenta como não sendo recuperável a partir do texto precedente e como dada àquela que o é. Ainda ligados ao conhecimento de mundo, são as inferências. Basicamente se entende por inferências aquilo que se usa para estabelecer uma relação, não explicita no texto, entre dois elementos desse texto. Operação que consiste em suprir conceitos relações razoáveis para preencher lacunas (vazio) e descontinuidades em um mundo textual buscando sempre resolver um problema de continuidade de sentido.

A coerência depende de fatores pragmáticos, já que a compreensão do texto depende em grande parte desses fatores: tipos de fala, contexto de situação, interação e interlocução, força ilocucionária, intenção comunicativa, características e crenças do produtor e recebedor do texto etc. tem a ver com a influência do pragmático no texto.

Interessante repensar sobre os estudos dos processos de coerência nas diversas situações da comunicação. A leitura de Texto e Coerência facilita o entendimento dos conceitos de coerência textual e coesão para se estabelecer à comunicação. Na atuação docente, a leitura, além de facilitar o entendimento à cerca do assunto, ajuda o professor na prática em sala de aula na conquista e êxito significativo quanto da intencionalidade dos alunos na elaboração de um texto escrito.

Este livro é excelente, porque desmistifica que um texto coerente depende somente da coesão a cerca da gramaticalidade de um texto, sem considerar sua finalidade, intenção e situação. Entender por que alguns textos literários, dentre outros, podem ser a princípio incoerente para os alunos, não despertando neles o interesse e o gosto pelas leituras sendo incapazes de retextualizar. Na leitura de Texto e Coerência podemos encontrar explicações que nos remetem a possíveis tentativas de solucionar problemas de compreensão de um texto por parte de alguns alunos e, assim, contribuir com que consigam estabelecer uma compreensão significativa nos diversos textos. Marcushi em seu livro Da fala Para a Escrita Atividades de Retextualização Cortez, 2007 ressalta que infelizmente não há pesquisadores que se aprofundem em questões de como se processa a ação de entendimento e compreensão que antecede o processo de retextualização de um texto escrito e, como se processa nos alunos em geral, completa que seguindo esse caminho pode-se alcançar a melhoras no que se diz respeito a essa questão. Com a leitura de Texto e Coerência considero este o caminho, conhecer os vários mecanismos que leva a se estabeleça à coerência nos textos para o êxito de uma total compreensão.

Fonte: Texto e Coerência, Ingedore Grunfeld Villaça Koch e Luiz Carlos Travaglia