PORTAL DO TEMPO, A palavra (atemporal) como ferramenta.

Ocorreu-me na leitura de um texto de Charles Dickens, no qual, ao final, havia um comentário do autor sobre festejos de Ano Novo, se não me engano, lá de 1837, ele me desejou feliz ano novo, justamente quando o lia numa passagem de ano, dizia mais ou menos isto "Feliz ano novo não só aos de agora, mas a todos os leitores do futuro".

Em algumas cidades daqui do Brasil e EUA, houve uma iniciativa de enterrar cartas, fotos, textos etc para serem lidos num futuro mais ou menos distante.

Em ambas as situações temos a palavra percorrendo o tempo, Dickens lá do século XIX nos saúda e nos dá o afeto enorme que havia em seu coração. O mesmo com o enterro de mensagens... em Memórias de Brideshade, de Evelyn Waugh, o protagonista comenta isso num passeio ao bosque, que as pessoas deveriam escrever mensagens para elas mesmas no futuro.

Há um interesse crescente sobre máquinas do tempo, capazes de nos transportar para o passado ou futuro, muitos filmes, contos, romances com essa temática, mas poucas tentativas poéticas.

À História caberia tal papel, mas mostra-se acadêmica em demasia, "científica" demais, não arrebanharia jamais a ideia de reconstituição integral dos fatos, mesmo porque seria impossível. Mas ela pode oferecer subsídios para a construção poética Portal do Tempo.

Tenho em minha escrivaninha alguns poemas intitulados Portal do Tempo para... Em todos eles procuro seguir a seguinte regra:

1) Poemas com estrofes de 4 ou 6 versos, divididos em 3 estrofes;

2) A primeira estrofe tem de realizar uma pequena sinopse histórica, pode e deve ser técnica, oferecer elementos de História

propriamente dita; seria a história "deles";

3) A segunda estrofe age mesmo como um portal, assim sendo, mistura elementos objetivos e subjetivos, como se a História estivesse aderindo em nossa mente poética;

4) a última estrofe terá uma enorme subjetividade porque o conceito que a embasa é o de que há a História em nós, será de fato a estrofe mais criativa e com forte tendência surrealista.

Gostaria muito que outros poetas tentassem escrever algo do gênero.

Camilo Jose de Lima Cabral
Enviado por Camilo Jose de Lima Cabral em 03/11/2018
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