4.2- As FÁBULAS. A ARTE das fábulas – o RIDÍCULO e a PERSONIFICAÇÃO. A CRÍTICA SOCIAL. A origem das Fábulas – O “Panchatantra”

Em geral, fala-se de FÁBULAS quando nos referimos a histórias BREVES, protagonizadas por ANMAIS, com origem em antiquíssimas tradições. Mas há um pequeno acerto quanto a este conceito:

= Quando as PERSONAGENS destas historietas são ANIMAIS que actuam como se fossem seres humanos; e a história é contada num TOM IRÓNICO, e delas se pode tirar uma SENTENÇA MORAL: diz-se de facto que se trata de FÁBULA;

= Quando a pequena história é contada num TOM SÉRIO, diz-se que se trata de APÓLOGO;

= Quando as personagens são humanas, e a história é contada como ponto de partida para uma REFLEXÃO DE CARÁCTER RELIGIOSO, diz-se que são PARÁBOLAS.

* Em geral, na linguagem corrente, é frequente só se utilizar as designações de “fábula” e “parábola”.

No entanto, este conceito, só assim, ficará incompleto. Porque é preciso acrescentar mais alguns pormenores:

As FÁBULAS têm como objectivo:

= CRITICAR os maus comportamentos humanos, como a ingratidão, a arbitrariedade, o egoísmo, a irresponsabilidade, e tantos outros, para que as pessoas reflitam sobre eles e possam corrigir-se;

= Ou então, SALIENTAR os bons comportamentos, como, por exemplo, a gratidão;

= Ou ainda OBSERVAR circunstâncias da vida humana, como por exemplo a diferença entre a vida simples do campo e a vida agitada das cidades, ou o formular apressado de opiniões sem previamente se analisar se são exequíveis...

A ARTE e o PORQUÊ das Fábulas:

A propósito das FÁBULAS, falamos agora dos PROCESSOS ARTÍSTICOS dos antigos CONTADORES de HISTÓRIAS: processos tão INTUITIVOS que até as crianças os usam nas suas brincadeiras:

Sobre a ARTE das Fábulas, apontamos os seguintes processos artísticos:

1- As FÁBULAS são textos BREVES:

São histórias muito pequenas. Diremos que aqui só interessa UM ÚNICO acontecimento (uma ACÇÃO condensada); e as PERSONAGENS também são poucas: em geral uma ou duas...

Portanto, se pensarmos nas questões de QUINTILIANO (capítulo 1), em geral, só temos: ACÇÃO: QUEM e O QUÊ.

2- As Fábulas usam a PERSONIFICAÇÃO:

Ao falarmos das FÁBULAS, pensamos imediatamente em historietas cujas personagens são animais.

Mas como é isso possível?

Parece uma criancice... Mas não: pelo contrário, trata-se de um processo muito engenhoso: um processo artístico intuitivo - A PERSONIFICAÇÃO.

Quando vemos as nossas crianças de tenra idade a falar com as bonecas, ou com os carrinhos, ou com os seus peluches, elas estão a utilizar, intuitivamente, o mesmo processo artístico que os antiquíssimos criadores das fábulas: a PERSONIFICAÇÃO.

Até mesmo quando as crianças ou os adultos falam com os seus animais de estimação – estão a usar a PERSONIFICAÇÃO!

Exemplos: as Fábulas contam que a formiga SALVOU a abelha, ou que lobo ATACOU o cordeiro, ou que a rã QUERIA SER boi... – com as Fábulas, estamos a abstrair da nossa figura humana; e, sem ofensa para ninguém, e sem sentirmos vergonha de nós próprios, poderemos simplesmente olhar essas características com intenção apreciativa, poderemos rir-nos de nós próprios – para nos corrigirmos...

3- As Fábulas usam o RIDÍCULO:

Porquê histórias que põem Animais com procedimentos humanos mesquinhos? Bem entendido, procedimentos que tanto podem caracterizar as pessoas “simples”, ou “humildes”, como as pessoas “poderosas”:

= Porque assim, pondo esses comportamentos nos animais, é mais fácil evidenciar os defeitos das pessoas e da sociedade; e pondo-os a RIDÍCULO, é mais fácil fazer que os ouvintes reflitam sobre eles, se riam deles, e assim, queiram corrigir-se!

= E porque, quando esses procedimentos são característicos dos Poderosos – quer seja o poder real, ou o poder de governantes, ou o poder religioso: o contador de histórias não correrá o risco de ser perseguido e castigado!

Sobre o PORQUÊ de FÁBULAS e/ou PARÁBOLAS:

= As FÁBULAS são um primeiro exemplo de CRÍTICA SOCIAL.

Assim, vemos como desde tempos imemoriais, a Humanidade se interessa por reflectir sobre a NATUREZA HUMANA! Vemos como o SER HUMANO é um ser REFLEXIVO, um “ser moral”. Atrevo-me a dizer que esta reflexão terá sido uma primeira forma de FILOSOFIA.

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= A origem das FÁBULAS.

A primeira “recolha” de Fábulas – O “PANCHATANTRA”

Estas breves histórias são antiquíssimas. Representam uma tradição oral de cerca de 4.000 anos...

A mais antiga “recolha”, sob a forma de ESCRITA, que se conhece, será o PANCHATANTRA, uma obra indiana escrita originalmente em SÂNSCRITO, entre 300aC. e 570dC. Mas as histórias que contém, são muitíssimo mais antigas!

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INFORMAÇÃO COMPLEMENTAR:

= Sobre o conceito de FÁBULA:

Este artigo da Wikipedia, em Francês, está muito bom; está melhor do que o artigo em Português:

Quem não domina esta língua, facilmente poderá fazer COPY e utilizar o TRADUTOR...

https://fr.wikipedia.org/wiki/Fable

= Sobre a diferença entre Fábula e Apólogo, VER:

FÁBULA, artigo de Nelly Novaes Coelho

https://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/fabula/

= Sobre o "PANCHATANTRA":

https://pt.wikipedia.org/wiki/Panchatantra

Mais dois artigos sobre o Panchatantra:

https://www.mitologia.pt/panchatantra-um-texto-da-india-290736

https://pt.linkfang.org/wiki/Panchatantra

= E agora, é tempo de fazer uma leitura agradável:

Eis algumas fábulas:

= "FÁBULAS DE ESOPO ILUSTRADAS"

Autor: Site de Dicas

Tradutor: Alberto Filho

Conteúdo Atualizado: 05 de Julho de 2020

https://www.sitededicas.com.br/cfab.htm

Myriam Jubilot de Carvalho
Enviado por Myriam Jubilot de Carvalho em 21/11/2020
Reeditado em 03/01/2021
Código do texto: T7117074
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