16 - A Frase – conceito de FRASE

Recordo os meus estimados Leitores que estes artigos vão muito especialmente dirigidos a Estudantes.

Daí, o tom coloquial.

O uso de "Você", simplifica o texto.

*** *** ***

Hoje entramos numa temática nova, a Frase.

Nós falamos emitindo FRASES.

Então, perguntaremos:

– O que é uma FRASE?

Ao longo da minha vida, tenho assistido a várias definições de FRASE. Porque em Linguística, tal como em Pedagogia, vai-se sempre procurando uma melhor forma de apresentar as matérias aos Estudantes.

1- Assim, recordo que quando eu andava na Escola Primária, ensinava-se:

“Uma FRASE é uma sequência de palavras que produzimos numa só

emissão de voz.”

2- Também se tem ensinado que:

“Uma FRASE é um conjunto de palavras que formam um sentido

completo.”

3- Outras vezes, preconiza-se que:

“Uma FRASE é um conjunto de palavras com que se faz uma

AFIRMAÇÃO.”

4- Ou ainda:

A FRASE é a uma unidade do DISCURSO.

Enfim. Podemos dizer que todas estas definições têm razão de ser!

Por isso, vamos analisar cada uma delas:

1-

“Uma FRASE é uma sequência de palavras que produzimos numa só emissão de voz.”

Esta definição tem em conta a ORALIDADE:

Quando falamos, não dizemos as palavras todas atrás umas das outras sem parar, pois não?

Quando falamos, mesmo sem darmos por isso:

= damos ENTOAÇÕES à nossa voz para darmos EXPRESSIVIDADE àquilo que dizemos,

= e fazemos PAUSAS para respirar.

Por exemplo: eu agora digo:

UF ESTÁ MESMO CALOR AMANHÃ VOU À PRAIA ADORO OS MEUS

PASSEIOS AO LONGO DA ESPUMA DAS ONDAS

Mas como é que eu digo isto?!

Falo estas palavras todas de seguida?

Claro que não!

Tenho que dar ENTOAÇÃO às minhas palavras, tenho que fazer PAUSAS conforme vou RESPIRANDO...

Para Você ter uma ideia do meu entusiasmo com a perspectiva de que amanhã quero ir à praia, ao TRANSCREVER as minhas palavras para o papel, ou para o ecrã, eu tenho que TRADUZIR as minhas intenções através dos SINAIS DE PONTUAÇÃO.

Então, aquela frase poderia ficar assim:

UF! Está mesmo calor! Amanhã vou à praia! Adoro os meus passeios

ao longo da espuma das ondas!

Ou assim:

UF, está mesmo calor... Amanhã vou à praia! Adoro os meus passeios

ao longo da espuma das ondas.

Como vemos, a PONTUAÇÃO não é uma coisa rígida! Usamos estes SINAIS conforme, num dado momento, eles nos parecem mais apropriados para TRADUZIREM as nossas ideias, e sentimentos.

E daqui resulta desde já uma conclusão:

A FRASE, ao passar da ORALIDADE para a ESCRITA, é definida pelos SINAIS DE PONTUAÇÃO que lhe ASSINALAM o FINAL:

Nestes exemplos, temos três sinais de pontuação que assinalam o FIM

da FRASE:

= o ponto final ( . )

= o ponto de exclamação ( ! )

= as reticências ( ... )

2-

Ora bem: Analisámos a primeira definição de FRASE.

Vamos à segunda definição:

“Uma FRASE é um conjunto de palavras que formam um sentido

completo.”

Nesta definição, há dois aspectos a considerar:

“um conjunto de palavras”

“um sentido completo”

Se eu disser:

OLHA! CHOVEU! E AGORA, O QUE É QUE EU FAÇO? QUERIA IR À PRAIA...

Pergunto-vos:

Quantas FRASES é que eu tenho aqui?

Acabámos de dizer que estes sinais

!

?

...

.

MARCAM o FINAL de uma FRASE...

E dissemos que uma FRASE é um CONJUNTO de palavras...

E aqui, temos duas FRASES com UMA SÓ palavra: OLHA!

CHOVEU!

Temos também uma Frase que termina em ponto de interrogação ( ? )

E finalmente temos uma última frase que termina em RETICÊNCIAS (...) , o que significa que o SENTIDO FICOU INCOMPLETO...

Até há quem chame SUSPENSÕES às “reticências”, exactamente porque mostram que o sentido da frase ficou... incompleto... em suspenso...

De qualquer maneira, quando eu digo:

OLHA!

Esta palavra, única, encerra um “sentido”: EU estou a chamar a TUA ATENÇÃO.

Do mesmo modo, quando eu digo:

CHOVEU!

Esta palavra, única, também encerra um “sentido”, exprime uma ADMIRAÇÃO.

Então, podemos concluir que não precisamos de ter “sempre” um “conjunto de palavras”!

O que precisamos de ter, é:

Um ENUNCIADO com SENTIDO,

um ENUNCIADO COERENTE.

3-

Vejamos agora a terceira definição:

“Uma FRASE é um conjunto de palavras com que se faz uma AFIRMAÇÃO.”

Então, eu agora vou dizer assim:

– Não gosto nada deste tempo! Uns dias está sol, outros dias chove... Que maçada, quero ir às compras e não posso sair...

Muito bem:

Já percebemos que neste terceiro exemplo temos vários SENTIDOS COERENTES, assinalados por diferentes SINAIS de PONTUAÇÃO.

Mas... nem todos são... “afirmações”...

Vamos IDENTIFICAR os diferentes SENTIDOS contidos neste enunciado, e separá-los:

– Não gosto nada deste tempo!

Uns dias está sol,

outros dias chove...

Que maçada,

quero ir às compras

e não posso sair...

Muito bem!

Identificámos e separámos seis “sentidos” diferentes.

E mais: verificámos que nem todos são AFIRMAÇÕES:

– Não gosto nada deste tempo!

e não posso sair...

Bem, tranquilizemo-nos:

Em Linguística, falamos de

AFIRMAÇÕES de sentido positivo

e

AFIRMAÇÕES de sentido negativo.

E porque é que identificámos seis “sentidos” diferentes?

Porque estão lá os VERBOS,

e está lá uma expressão com sentido de EXCLAMAÇÃO ( Que maçada )

– NÃO GOSTO nada deste tempo!

Uns dias ESTÁ sol,

outros dias CHOVE...

QUE MAÇADA,

QUERO IR às compras

e NÃO POSSO SAIR...

4 -

A última definição não custa nada, mas na verdade pouco nos ensina:

“A FRASE é a uma unidade do DISCURSO.”

Em Linguística, chamamos DISCURSO àquilo que FALAMOS ou ESCREVEMOS!

E:

Cada FRASE, sendo um SENTIDO, é uma UNIDADE.

***

CONCLUSÃO do capítulo de hoje:

Aprendemos que o nosso DISCURSO, falado ou escrito, é composto por um maior ou menor conjunto de pequenas unidades, a que chamamos FRASES.

E ainda aprendemos que:

Para REGISTARMOS correctamente as nossas FRASES, para que elas correspondam às nossas intenções enquanto FALANTES, enquanto EMISSORES, temos que prestar ATENÇÃO à PONTUAÇÃO.

II

Talvez alguém possa querer argumentar que há ESCRITORES, modernamente, que não usam as PONTUAÇÕES...

Mas não nos preocupemos com esse aspecto, por enquanto. Os ESCRITORES fazem ESTILO, fazem ARTE.

E nós, neste momento, estamos longe de fazer ARTE, estamos a APRENDER como elaborar um TRABALHO-de-CASA correctamente:

Quer se trate de um texto criativo (uma história)

ou se trate de uma EXPOSIÇÃO sobre uma PESQUISA,

seja que tipo de trabalho for:

precisamos de saber as REGRAS PARA elaborarmos UM TRABALHO... PERFEITO!

Para concluir:

Ao terminarmos um texto, poderemos perguntar:

Será que fiz as " pontuações " correctamente?

É simples de verificar:

LEIA O SEU TEXTO EM VOZ ALTA,

naturalmente,

como quem está a conversar:

Quando a sua voz descansa, e desce – aí, temos um "ponto final" ( . )

Quando a sua voz descansa um bocadinho, para continuar, assim, como quem explica – aí, temos as vírgulas ( , )

Finalmente: uma FRASE começa SEMPRE por letra MAIÚSCULA.

Se for um DIÁLOGO; a frase terá que começar por um – (travessão).

*

*

De início, este processo de AUTO-VALIAÇÃO pode parecer fastidioso, ou fatigante...

Mas Você não desanime:

Com o tempo, e com a PRÁTICA, este processo INTERIORIZA-se, e vai-se tornando AUTOMÁTICO:

Você vai ver que vai chegar a um ponto em que ao mesmo tempo que escreve, assim vai fazendo e auto-corrigindo as pontuações!

O nosso cérebro cria bons hábitos!

Tudo depende da nossa perseverança.

Acontece um processo semelhante quando se aprende a tocar um instrumento:

Com a prática, e com o tempo, os nossos dedos vão-se habituando às teclas do piano, ou às cordas da guitarra! E depois, já nem é preciso olhar para a pauta! Os dedos correm e voam e as melodias libertam-se, e voam também!

Myriam

Julho de 2021

Myriam Jubilot de Carvalho
Enviado por Myriam Jubilot de Carvalho em 29/07/2021
Reeditado em 22/05/2022
Código do texto: T7310126
Classificação de conteúdo: seguro
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