NÃO GOSTO DE DESPEDIDAS

Prólogo

Dedico este texto a senhora SS, em memória, com carinho e afeto. . – (Nota do Autor.).

Em muitas ocasiões é necessário nos despedirmos de pessoas que amamos seja por um curto ou longo espaço de tempo. Nessa indesejável separação não devemos procurar culpados. Todavia, devemos fazê-lo sempre pensando no reencontro ou em como tal separação é necessária para ambos, pois só assim será possível conviver com a saudade, com a ausência dos que se querem bem.

Despedidas, no geral, nunca são fáceis. Algumas mais que outras, dependendo muito da quantidade de tempo que as pessoas terão que ficar separadas. Isso porque, o ato de dizer adeus, ou até breve, sempre vem acompanhado da saudade e da esperança pelo retorno, o que, em alguns casos, infelizmente não acontece.

POR QUE NÃO GOSTO DE DESPEDIDAS?

Não gosto de despedidas porque se assemelham a um final choroso com lágrimas deformando rostos outrora risonhos, mas durante o adeus ficam sérios. Ainda bem que em cada reencontro existem efusivos sorrisos, abraços, beijos e até o prenúncio ou expectativa de um recomeço. O difícil é entender que, às vezes, não nos foi concedido um tempo mínimo para uma despedida decente, humanitária e fraterna.

Ah! O pior de uma despedida está na incerteza do reencontro, às vezes, mutuamente desejado. E quando não há esperança de retorno, desse feliz provável reencontro.... Nesses casos, o sentimento de abandono e saudade passa a habitar nos corações das pessoas que ficaram junto, por menor que haja sido o momento, com lembranças que jamais desaparecerão.

UM CALMANTE DIFERENCIADO

Sua voz aflautada sempre me acalmava, e cada palavra confortava meu espírito excitado de um jeito inexplicável, meio louco, sem noção. Você me deixava leve, com uma sensação de bem-estar indescritível.

Seu perfume absinto, âmbar floral feminino, suas mãos macias, o corpo inteiro e, principalmente, a boca aveludada me extasiavam a ponto de eu não me ver, e tampouco lhe enxergar, depois da entrega sem limites no colóquio sensual.

O FRACO QUE PENSAVA SER FORTE

Sempre me imaginei forte o suficiente para enfrentar um distanciamento longo de alguém tão especial. Ledo engano. A verdade é que nunca estamos preparados para dizer adeus a alguém que queríamos eternamente ao nosso lado.

Reconhecermo-nos no reencontro esperado será um momento mágico excelente! Vamos nos reconhecer nos pensamentos positivos, no caricioso tratamento terno, respeito e devoção. Nessa ocasião não haverá necessidade de verbalizar palavras porque a comunicação que tanto valorizamos será pela força da mente. O idioma utilizado será a linguagem do amor.

Destemidos e emocionados, nos abraçaremos, mesmo que seja em outro pleno pico pandêmico, não por sermos inconsequentes, mas pela crença de estarmos blindados pela força do amor, fé e esperança.

CONCLUSÃO

Quando amamos, pensamos que tudo é eterno e que nada nos pode vencer, mas certas circunstâncias da vida nos mostram que nem sempre as coisas, atos e fatos, acontecem como esperamos. Creio que a culpa de um desenlace indesejado está na expectativa alimentada pelas ilusões, numa gratidão e/ou reciprocidade inexistentes, mas apoiadas apenas pelos bens materiais irrelevantes e fugazes.

A morte ou desencarne nada mais é do que uma despedida inesperada que não temos o poder de contestar ou evitar. Por isso, não só por isso, mas por muito mais do que tudo que pude verbalizar neste escrito... É melhor seguirmos em frente sem olharmos para trás para esperarmos em paz a próxima reencarnação. Escrevo isso porque NÃO GOSTO DE DESPEDIDAS.