V E R S I N H O S. . .

SOU VÁRIO

Sou múltiplo, sou tantos em um;

(que nem sei mais) qual de mim sou eu.

(Seria tão incomum) não ser mais nenhum?

*

ABANDONADO

Boa noite, amor, onde estiveres!

Daqui ficarei ideando teus encantos.

Antes que ultime de vez os teus haveres.

*

POETA

Sou jardim de beija-flores…

Sou o néctar, sou os valores.

Sou o remo e sou os remadores!

*

DEUS

Sou a fé que te ajoelha,

sou a voz que te aconselha.

Sou a pedra, sou a muralha, sou a telha!

*

RUA DA FOFOCA

Sou comum, sou qualquer um:

sou do jeito que seus olhos me veem.

Aceito ser o tema na rua do zunzunzum.

*

PESCARIA

Quem sabe do fundo do rio

é o peixe quem me pesca!

Usando anzol e isca de alforrio.

*

BEIJO

Se sua boca toca a minha:

saio do chão, caminho no céu.

Sou um rei no beijo da minha rainha.

*

PEIXINHOS

Esses peixinhos realçados

pelas mãos de Deus; são pingos

de poesias nesse rio pingados!

*

SEPARAÇÃO (de corpos)

Agonia, desejo, vontade.

Distância que fere e rasga

a carne. E sangra saudade!

*

SEDE OU FOME?

Veja como o verso pede

outro verso, e outro, e outro…

De certo verso de verso tem sede!

*

TRETA OU MUTRETA?

Quem foi que disse que poeta

sabe tudo sobre o amor?

- Sabe nada de nada, é tudo treta!

*

EXAGERADO

Humilha, fere, faça dor.

Talvez mereça mais que isso.

Amar em demasia, perde-se no amor!

*

DEDICAÇÃO (de poeta)

Com a esferográfica na mão

viro um samurai e venço guerras.

E nasce verso do suor e da abnegação.

*

NATURALMENTE…

Se for amor o desejo brilha

possante nos olhos dos amantes.

Lei da vida. Lobo segue a matilha!

*

CASAMENTO

No início, sabor de um fino mel.

Durante, a guerra bate a paz.

No adeus, picadas de cascavel!

*

FLORES

Esse branco, esse roxo, esse luxo…

São pétalas do vergel de Deus?

Ou é profano, coisa de bruxo?

*

SELVAGERIA

E treme a flor na ramagem.

Lá vem a madame fazer a ceifa.

Quem aqui que é a selvagem?

*

ESCRAVIDÃO

Marcha o cavalo pelo atalho da morte,

aonde do preto velho furtaram a vida.

Nem era boi e foi feito de boi de corte.

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 19/05/2011
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