versinhos 1.2

DRUMMOND

Pensei que chovesse estrelas no quintal.

Era pingos da poesia de Carlos, o imortal.

Pétalas doiradas do seu infinito roseiral!

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MENINICE

Aquele fogão a lenha, aquele braseiro vivo!

Aquela broa de milho, aquele amor furtivo;

na minha infância me deixam ainda cativo!

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CONTRATEMPOS

Dava tudo para ter o azar de te ver de novo.

Todos dizem que foi transtorno te conhecer.

São nestes azares e reveses que me renovo!

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MESMICE

Quem foi que disse que quero é sossego

na minha noite? Quero é fogo e exagero.

Quero ver a rotina ferver de desespero!

COMPASSO

É aqui dentro do meu peito o salão

onde acontece o baile da saudade.

Entre e ouça a valsa do coração!

POEMINHA

Fiz para você um poema acriançado

somente para te lembrar de nunca

pensar em me esquecer. Obrigado!

ALTA NOITE

Nunca entendi por que a tristeza

cisma em bater na minha porta.

E sempre vem em hora morta!

SEMPRE ASSIM

A gente não havia combinado que

nunca teria pranto nesse amor?

Quem foi que trouxe essa dor?

CHÃO DE ESTRELAS

Quem sabe fosse deusa e não mulher,

quem sabe fosse o céu e não o chão...

Que cintilava sob seus desnudos pés!

NO ALVO

Foi a saudade que deixou branco

este pedaço triste do nosso dia.

Ela tem uma infalível pontaria!

IMANTADA

Sobre lençóis de cetim dorme agora

o corpo almiscarado daquela mulher.

É pra lá que quer pender o meu querer!

PRA QUE POEMA?

Quem é que vai perceber o meu poema?

É tanta gente cega, tem tanto vento ruim.

Tanto breu, tanto ateu. É tanto esquema!

C A S A M E N T O . . .

No início, sabor de um fino mel.

Durante, a guerra bate a paz.

No adeus, picadas de cascavel!

UNS OLHOS NUS...

Posso ler no teu rosto cada letra

que teus olhos têm para refletir.

São olhos nus e serão por todo existir!

RESSOARÁ POESIA...

Escreverei para minha amada um dia.

Somente quando me consumir a agonia.

Se já for tarde minha fala ecoará poesia!

DECADÊNCIA...

Estou equilibrando no fio da navalha.

Mas não espalhe, senão esta gentalha

retira-me daqui e atira numa fornalha!

ADVERTÊNCIA...

O que conta mesmo não é aparência.

O que vale mais que ouro é a essência.

Isto não é conselho, mas é advertência!

FICAR ABSORTO...

Não poderia este meu espelho refletir

o que meus olhos se entediam em assistir.

Quem sabe fosse imperioso se abstrair!

ABANDONADO

Boa noite, amor, onde estiveres!

Daqui ficarei ideando teus encantos.

Antes que ultime de vez os teus haveres.

SOU VÁRIO

Sou múltiplo, sou tantos em um;

(que nem sei mais) qual de mim sou eu.

(Seria tão incomum) não ser mais nenhum?

POETA

Sou jardim de beija-flores...

Sou o néctar, sou os valores.

Sou o remo e sou os remadores!

DEUS

Sou a fé que te ajoelha,

sou a voz que te aconselha.

Sou a pedra, sou a muralha, sou a telha!

RUA DA FOFOCA

Sou comum, sou qualquer um:

sou do jeito que seus olhos me veem.

Passei a ser alvo na rua do zunzunzum.

PESCARIA

Quem sabe do fundo do rio

é o peixe quem me pesca

com isca de alforrio.

BEIJO

Se sua boca toca a minha:

saio do chão, caminho no céu.

Sou um rei no beijo da minha rainha.

PEIXINHOS

Esses peixinhos realçados

pelas mãos de Deus; são pingos

de calma nesse rio pingados!

SEPARAÇÃO (de corpos)

Agonia, desejo, vontade.

Distância que fere e rasga

a carne. E sangra saudade!

SEDE OU FOME?

Veja como o verso pede

outro verso, e outro, e outro...

De certo verso de verso tem sede!

TRETA OU MUTRETA?

Quem foi que disse que poeta

sabe tudo sobre o amor?

- Sabe nada de nada, é tudo treta!

EXAGERADO

Humilha, fere, faça dor.

Talvez mereça mais que isso.

Amar em demasia, perde-se no amor!

DEDICAÇÃO (de poeta)

Com a esferográfica na mão

viro um samurai e venço guerras.

E nasce verso do suor e da abnegação.

NATURALMENTE...

Se for amor o desejo brilha

possante nos olhos dos amantes.

Lei da vida. Lobo segue a matilha!

FLORES

Esse branco, esse roxo, esse luxo...

São pétalas do vergel de Deus?

Ou é profano, coisa de bruxo?

SELVAGERIA

E treme a flor na ramagem.

Lá vem a madame fazer a ceifa.

Quem aqui que é a selvagem?

ESCRAVIDÃO

Marcha o cavalo pelo atalho da morte.

aonde do preto velho furtaram a vida.

Nem era boi e foi feito de boi de corte.

DEUSA-MULHER

O olhar efêmero da deusa

escapuliu daqueles olhos

e feriu-me mortalmente!

A POESIA QUE SE PINTA

A mão do pintor vai compondo

um poema corpóreo na tela;

poema é corpo, cor e traço!

PALAVRAS DITAS

As palavras saem da minha boca

tal qual balas disparadas de revólveres

jamais retornam e perpetram extermínios de paz!

HOJE EU BUSCO

Um livro, um beijo, um café

um doce, um riso, um rumo

um poema, um sonho, um amor e mais fé!

PERDEU O RUMO

Pelas ruas as mulheres já queimaram sutiãs.

As marias gasolinas, chuteiras e outras mais

incineraram as razões/causas das feministas.

TRANSMISSÃO

Tenho poesias guardadas na mente.

Se as entorno nas virgens laudas passam

a ser de todos e não são mais minhas poesias!

HOMENS?

Tem bicho feroz camuflado de homem.

Tem diabo dos bravos disfarçados de homem.

Tem homem que nem é homem fingindo homem!

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 12/07/2011
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