Tercetos de saudade
Não sabia que amava tanto assim
A ponto de não centrar-me mais em mim
E desnortear-me das direções a seguir.
Mas há coisas que se deixa acontecer
Que só depois que vem o sofrer
É que se vê o seu valor surgir.
Depois, porém, que transborda a taça
Só resta limpar a desgraça
E deixar as nódoas no coração.
Nódoas que o tempo não apaga
E que doem feito uma praga
A escavar a solidão.
E num antagonismo mais que paradoxal
De Bem, o amor passa a Mal
Plantando no peito uma cruel saudade.
Pois se para não fugir deve estar aprisionado
O Amor em seu existir tão desejado
Para crescer precisa de liberdade.
Cícero – 07-12-2011