DA MINHA INFÂNCIA

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais! 
(Meus oito anos, de Casimiro de Abreu)

 



Ah, cheiro de adobe molhado
sobras de um muro caído
no quintal de minha infância...

Ah, carrinho de galalite
fascínio de cor azul
no Natal de minha infância...

Ah, a voz de Heron Domingues
fazendo o Repórter Esso
no radio de minha infância....

Ah, os gritos da molecada
em filmes de bang bang
matinées de minha infância...

Ah, presépios e lapinhas
ternos de reis pastorinhas
dezembros de minha infância...

Ah, marchinhas no coreto
lança, confete e serpentina
carnavais de minha infância...

Ah, inocência abalada
medo do desconhecido
no escuro de minha infância...

Ah, trem de ferro chegando
com cheirinho de maçã
na estação de minha infância...

Ah, passeios em Belém
banhos de bica aos domingos
na fonte de minha infância...

Ah, missas no alto da serra
festejos de nossa Senhora
Conceição de minha infância...

Ah, Colégio São Raimundo
Pedrito e professora Laura
mestres de minha infância...

Ah, saudade que me corta
queria voltar no tempo
e reviver a minha infância.