MEMÓRIAS DE AMIGO.


Fuma! Fuma,mano,
mastiga louco, mano,
esta raiz de miséria.


Neste cachimbo,
a brasa queima,
a pedra da morte.


Olha mano,sobe a fumaça,
sua vida levita aos poucos,
nos anéis cinzas.


Fuma mano,sangue meu,
ignora meus conselhos,
viaja nas cristas das ondas.


O mar é um mundo,
as ondas são breves,
as cinzas não choram.


O cachimbo é frio,
a pedra é quente,
a cova é muda.


Mano ! este viaduto...
Esta raiz de miséria,
tanto me inquieta.


Olho nossa infância,
morrer nesta pedra,
oh infame derrota.


Ouça mano,minha voz,
é um vasto caminho,
onde escorre verdades.


Mastigue a vida,
desatine a vida,
por uma onda.


Mano abrace-me,
enquanto seu corpo,
possa abraçar-me.


Mano seu tempo é curto,
a vida é sua,o tempo é seu,
este viaduto é eterno.


Mano deixe tudo!
Acompanhe-me,
dou-lhe novo mundo.


Mano, se não vier,
meu mundo fechará,
em nuvens revoltas.


Amanhã voltarei,
com lágrimas dignas,
de um grande amigo.


Deitarei sobre vós,
nossas memórias,
e a terra da verdade.


Na lápide grafarei,
triste fim,triste fim,
aqui jaz um amigo.

























 
Angelo Dias
Enviado por Angelo Dias em 21/04/2014
Reeditado em 22/04/2014
Código do texto: T4777693
Classificação de conteúdo: seguro