MEMÓRIAS DE AMIGO.
Fuma! Fuma,mano,
mastiga louco, mano,
esta raiz de miséria.
Neste cachimbo,
a brasa queima,
a pedra da morte.
Olha mano,sobe a fumaça,
sua vida levita aos poucos,
nos anéis cinzas.
Fuma mano,sangue meu,
ignora meus conselhos,
viaja nas cristas das ondas.
O mar é um mundo,
as ondas são breves,
as cinzas não choram.
O cachimbo é frio,
a pedra é quente,
a cova é muda.
Mano ! este viaduto...
Esta raiz de miséria,
tanto me inquieta.
Olho nossa infância,
morrer nesta pedra,
oh infame derrota.
Ouça mano,minha voz,
é um vasto caminho,
onde escorre verdades.
Mastigue a vida,
desatine a vida,
por uma onda.
Mano abrace-me,
enquanto seu corpo,
possa abraçar-me.
Mano seu tempo é curto,
a vida é sua,o tempo é seu,
este viaduto é eterno.
Mano deixe tudo!
Acompanhe-me,
dou-lhe novo mundo.
Mano, se não vier,
meu mundo fechará,
em nuvens revoltas.
Amanhã voltarei,
com lágrimas dignas,
de um grande amigo.
Deitarei sobre vós,
nossas memórias,
e a terra da verdade.
Na lápide grafarei,
triste fim,triste fim,
aqui jaz um amigo.