O Pastor de Nuvens

Altas fortalezas no firmamento,

brancas tal qual puro marfim

Superiores em seu elemento

Ou curtas e compridas, tortuosas como o alecrim

De várias formas elas se apresentam

na atmosfera existem assim

Embora de aparência poderosa, há quem as guiam

pelos ocultos caminhos da abóbada celeste

Ele que ferramentas tem, e as encantam

Reinante, no céu és inconteste

Senhor dos ventos, sua fúria tempestade

Sua voz trovão. Uma história se conta deste

Que na juventude do mundo tinha amizade

com a primeira montanha, mais alta não existiu

sobre ela pairava, um com outro achavam-se à vontade

Com o passar das eras, do convívio o amor surgiu

Sentimento recíproco, houve então união

Juntos sempre estariam, isso se decidiu

E muito ocorreu dessa ligação:

do calor desse amor, as nuvens caíam

E chuva nasceu, a primeira criação

Que ao descerem do cume, leitos formaram

A cada momento mais extensos, profundos

E pela primeira vez rios fluíram

Esse deles o filho segundo

Baixou à terra água por muitos séculos

Até realizar-se um oceano no mundo

Outros rebentos provieram do vínculo

O solo, as plantas, os animais

inúmeras entidades, incontáveis espetáculos

Mas a montanha, desgastada estava por demais

Um dia do pastor se despediu

E adormeceu para não acordar mais

O senhor das nuvens desse amor nunca se desiludiu

por vezes explode em ira desvairada,

em grandes tempestades, vendaval sombrio.

Roger Ansaloni
Enviado por Roger Ansaloni em 26/10/2021
Reeditado em 05/11/2021
Código do texto: T7371618
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