Ética e Sociedade

- Deveres éticos na sociedade

O homem é destinado a viver em sociedade, esta que surge de maneira natural, pois o homem só realiza seus objetivos individuais quando consegue unir sua força aos demais. Por isso podemos definir a sociedade como uma união moral de pessoas propostas a atingir finalidades comuns.

O primeiro grupo social é a família, que já foi dito anteriormente. Logo após da família, podemos citar o Estado, que é uma forma social mais extensa.

- De que a sociedade se trata?

A sociedade brasileira é repleta de desigualdade social. Um fato que prova está afirmação é que há no Brasil um número de aproximadamente 500 mil pessoas que podem comprar o que querem, não importa o valor, e cerca de 90% da população brasileira não tem dinheiro para saúde, alimentação, vestimenta, transporte e outras necessidades. E uma quantidade significativa desta porcentagem vive no limite da pobreza, à custa de assistencialismo.

Esta massa pobre da sociedade brasileira, atualmente, vive em uma espécie de culto do corpo, onde este ganha cada vez mais importância na vida social através da mídia. O homem se vê diante a falta de perspectivas, a banalização dos valores, da família, da educação, da crença e talvez, por isso o corpo passou a ser o foco essencial.

A pesquisadora Miriam Goldenberg observa que atualmente os indivíduos imitam atos, comportamentos e corpos de outros que obtiveram sucesso e vieram a ser bem-sucedidos. E a mulher brasileira é a campeã na busca da perfeição, o Brasil é o primeiro no mundo em cirurgia plástica. Esse dado pode explicar a exploração da pornografia, a prostituição infantil, a vulnerabilidade das garotas pobres que são alvos fáceis da mídia e cultuam o padrão estético da mulher da propaganda e da televisão.

Indo para o campo cultura, parece obvio afirmar que a cultura do corpo está distante da cultura da alma. O império do corpo que estamos vivenciando no século XXI é completamente diferente do da alma que o século XIX vivenciou. Sendo assim, podemos concluir que atualmente, com a banalização dos valores e o culto do corpo, estamos vivendo uma época em que há o enfraquecimento da cultura na sociedade brasileira.

- A Ética e a fome

A produção mundial é suficiente para alimentar uma população até

maior do que a existente, o problema é que ela é mal distribuída. O gado dos países ricos é mais bem alimentado do que o povo dos países pobres. Enquanto nos Estados Unidos há problema de obesidade, a desnutrição mata milhares em regiões pobres do mundo.

O direito à alimentação é um dos principais proclamados há décadas. Em 1948 com a Declaração Universal dos Direitos do Homem, também em 1969 a Declaração sobre o Progresso e o Desenvolvimento em Campo social afirmava ser necessário eliminar a fome e a subnutrição e tutelar o direito a uma nutrição adequada. A Declaração Universal para a Eliminação Definitiva da Fome e da Subnutrição, em 1974, dispões que todo individuo tem direito inalienável de ser libertado da fome e da subnutrição, a fim de se desenvolver plenamente e de conservar as suas faculdades físicas e mentais. E em 1992, a Declaração Mundial sobre a Nutrição afirmou também que o acesso a alimentos apropriados, sob o ponto de vista nutricional, e sem perigo, constitui um direito universal. E estas declarações em nada mudaram a situação da fome no mundo.

Gasta-se muito com luxo e supérfluos, e pouco com as necessidades dos povos pobres. Estes que são gerados em condições de miséria, já que a mãe passa fome durante a gravidez e não se submete a exames pré-natais. O egoísmo destes que gastam com supérfluos acaba gerando o índice de mortalidade infantil que é um dos maiores em zonas de miséria. A fome de uma pessoa deveria causar desconforto em qualquer outra, mas está não é a realidade, pois quem já possui quase tudo, se recusa a auxiliar quem não tem quase nada.

E ainda podemos citar as outras fomes. Fome de amor, de justiça, de esperança. Fome de emprego, de carinho, de reconhecimento. Tudo isso no Brasil, que tem o principio da dignidade humana como o mais relevante dentre os seus princípios. Mas a verdadeira fome que perdura no Brasil, é da educação.

- A Ética e o Estado

O Estado constitui arranjo formulado pelos homens para organizar a sociedade e disciplinar o poder, a fim de que todos possam se realizar em plenitude, atingindo suas finalidades particulares.

Ética é sempre ética. Ser ético é obrigação de todos. Seja no exercício de alguma atividade estatal, seja no exercício de alguma atividade privada. Existe uma Ética Pública que entra em contradição com a Ética Privada. O nome pelo qual a Ética Pública tem sido conhecida é o de Justiça.

Definimos Ética Pública como “a moralidade com vocação de incorporar-se ao Direito positivo, orientando seus fins e seus objetivos como Direito justo.” Quando ainda não se incorporou ao direito positivo, mas serve de critério para apreciar a norma positiva, ela é chamada moralidade crítica. Quando incorporada ao direito positivo, é chamada moralidade legalizada ou positivada.

A Ética Privada é “uma ética de conteúdos e de condutas que assinala critérios para a salvação, a virtude, o bem ou a felicidade, quer dizer, orientada nossos planos de vida.” Ela tem duas dimensões: a individual e a social.

Resumindo, o que distingue a Ética Pública da Ética Privada é que a primeira é forma e procedimental, a segunda é material e de conteúdos.

- A Ética e a Religião

No Brasil há tantas éticas, assim como tantas confissões religiosas. As últimas pesquisas evidencias a continua migração religiosa, o crescimento de seitas, um certo ecletismo confessional. A mesma pessoa que se diz católica freqüenta centros espíritas, não se recusa a comparecer a cultos afro-indígenas e é também supersticiosa.

O que justifica bastante a reflexão a respeito da ética sob o enfoque da crença, é o interesse das pessoas por algo de transcendental e não inteiramente explicável.

Religião é síntese de verdades e leis que estabelecem e regulam os deveres do homem para com Deus. A Ética, primeiramente, concerne ao sentido objetivo de religião. O intelecto humano encontra alicerces seguros nas verdades da religião. Em relação a alguns, essas verdades convencem por sua demonstrabilidade. Para outros, a fé supre a racionalidade.

A Ética está inseparavelmente ligada à religião. A ética do Cristianismo pode se resumir à síntese evangélica: “Ama ao próximo como a ti mesmo.”, ou seja, traduz o mandamento ético de se não fazer ao outro aquilo que não se quer para si.

A Ética e a Religião estão inteiramente ligadas ao Direito. É raro encontrar, dentre os estudiosos, quem não detecte nas ciências jurídicas a influencia da ética religiosa. Basta lembrar as origens do Direito Natural. Todos os sistemas da Escola do Direito Natural derivam da teologia. As leis civis ordenadas de acordo com a ordem natural têm por base o preceito evangélico “Amarás a Deus e a teu próximo.”

- A Ética e a mídia

A informação ingeriu-se no mercado. A imprensa constrói e destrói reputações, cria verdades, conduz a opinião coletiva por caminhos nem sempre identificáveis e para finalidades muitas vezes ambíguas. O que interessa mesmo, para os profissionais dos órgãos de divulgação, é a versão, nem sempre o fato.

A questão da moral midiática sempre esteve a atormentar as consciências mais sensíveis. Sabe-se que o jornalismo é uma profissão exposta a grandes tentações. Jornalistas há que se preocupam com a preservação de um mínimo ético na imprensa. Outros escolhem o deboche, o acinte, a irresponsabilidade. Profissionais especializados na mídia, chegam a admitir que é raro existir ética no jornalismo contemporâneo.

Não é raro que os maiores jornais publiquem a mesma foto nas suas manchetes e os noticiários da TV repitam noticias idênticas. Sem comentários, na pressa de informar e despreocupados com a missão de formar.

Os métodos da mídia constantemente atropelam a ética. Os problemas morais continuam a existir e com intensidade acelerada. Impregnando-se de civilização que prega o sucesso a qualquer custo, o homem perde a capacidade de indignação e se acostuma com a infração ética. Ela lhe parece menor, diante de outras faltas.

Órgãos respeitados na imprensa possuem seus próprios Códigos de Ética. Nos Estados Unidos, eles não são muitos divulgados, pois se receia venham a ser conhecidos pelos juízes e aplicados como norma para todos os jornalistas. Na era em que informação é dinheiro, custa crer que o interesse econômico se subordinará aos cânones éticos.

- A Ética e a publicidade

Publicidade é a transmissão, por qualquer meio de comunicação, de mensagem sob encomenda e com o intuito de persuadir o consumidor a se servir de um produto, bem ou serviço. A publicidade orientada ou desorienta o consumo. A promoção do produto mesclou-se com a divulgação de valores, de culturas e ideologias. O mundo virtual da publicidade interfere no mundo real das pessoas.

Nem sempre os responsáveis pela publicidade têm presente a advertência de que “a sociedade tem direito a uma informação fundada na verdade, na liberdade, na justiça e na solidariedade.” Não é incomum servir a publicidade a fins muito amplos, contraditórios e, quanta vez, distanciados de conotação ética.

Destina-se a publicidade a informar e persuadir. Embora não se confunda com o marketing e também não equivale a fazer relações públicas.

Não é verdade que a publicidade seja apenas reflexo da sociedade sobre a qual atua. Os publicitários, intelectuais de vanguarda, são seletivos quanto aos símbolos de que dispõem. Têm todo o arbítrio para promover alguns e para ignorar outros. Esse tipo de postura ética que a publicidade contemporânea deveria adotar.

Lótus Negra
Enviado por Lótus Negra em 26/03/2011
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