Estresse e atividades de segurança pública:

Estresse geralmente esta relacionado a sentimentos e experiencias negativas, como irritação, impaciência e depressão. Mas no sentido literal da palavra, estresse não é uma experiencia negativa, ao contrário, se inicia como uma reação positiva visando a manutenção da vida. Mas pode ser negativa dependendo do modo em que a vivenciamos.

Normalmente o estresse, é usado para relatar cansaço, fadiga, irritação, e etc.

Esse tema tem tudo a ver com atividade da segurança pública, pois, estes profissionais se diferenciam dos outros, pelo enfrentamento de situações problemáticas.

Nos momentos de conflito, quando a tendencia da maioria das pessoas é fugir, estes profissionais colocam em risco a própria vida, enquanto tem que dar proteção a vida de terceiros.

A atividade de segurança publica impõem ao sujeito o que é chamado de situações limite, o que leva a crer que sue organismo responderá com reações de estresse.

Risco x perigo

Perigo: ocasião em que se confronta uma ameaça a integridade física ou psíquica, onde você precisará agir para se defender.

Risco: caracteriza pela possibilidade próxima de uma ameaça.

Estresse, pode significar uma resposta física ou emocional do sujeito quando se percebe frente a um evento de importância que exija dele a criação de comportamento novo.

Ou

Um conjunto de reações, com componentes físicos e emocionais, que o organismo desenvolve ao ser submetido a uma situação que exige um esforço para resolução.

Estresse cotidiano: pode ser desencadeado por diversos elementos, um casamento, uma viagem, um filho. Toda situação que apresente um desafio ao qual o ser humano tem que se adaptar.

Estressor: é aquilo que origina o estresse.

Fases do estresse:

Alerta-> resistência-> exaustão

1- FASE DE ALERTA: é a primeira resposta do organismo a uma situação de estresse.

Denominada reação de luta ou fuga. Nesta fase o indivíduo sente acréscimo de força, vigor, motivação e criatividade. De modo que sua produtividade aumenta.

Se o fato estressante tem duração curta, a fase de alerta dura poucas horas.

O cerebro recebe doses mais elevadas de substancias excitatórias, que serão responsáveis pela manutenção do estado de vigília (fica sem dormir por mais tempo).

Alguns chamam este estado de “adrenalina da ocorrência”.

o corpo reage de diversas formas, uma dela é vomitar, momentos que antecedem a situação conflituosa, numa tentativa do organismo de liberar a carga, naquele momento excessiva.

Alterações da percepção:

Audição: diminuição do som: sons que o indivíduo conseguiria ouvir perfeitamente, no momento do confronto armado, tornam-se inaudíveis ou parecem estranhamente distantes, abafados. Por outro lado, alguns sons podem ser percebidos com maior intensidade.

Visão:

Visão de tunel: a visão torna-se extremamente focada na percepção de ameaça, perdendo a visão periférica.

Piloto automático: baixo nível de consciência, adoção de comportamentos fortemente condicionados, automáticos.

Alterações cognitivas:

tempo em câmera lenta- os eventos parecem desenvolver mais lentamente.

tempo acelerado: eventos parecem desenvolver mais rapidamente

dissociação: sensação de estranhamento, como se tudo fosse um sonho, como se estivesse apenas assistindo do ponto de vista externo.

Pensamentos intrusivos:

podem fugir ideias que não estão ligadas diretamente à situação tática, tais como seus entes queridos, futuro, planos.

Alterações mnemônicas:

lapsos de memória.

Distorção de memoria: lembrar de ter visto ou ouvido algo que não ocorreu.

2- FASE DE RESISTENCIA:

Características:

Sucede a fase de alerta na medida que o organismo persiste em seu esforço de adaptação. É uma etapa intermediaria, na qual a sensação de vigor é substituída pelo cansaço.

Sendo uma tentativa do organismo de impedir o desgaste total. Aparecendo já um cansaço generalizado e desconforto.

É um aviso ao sujeito de que o esforço esta sendo maior do que o suportável.

Indica que esta na hora de diminuir a carga.

3- FASE DE EXAUSTÃO

É a fase mais negativa do estresse. Quando as medidas tomadas pelo organismo para auto-preservação, começam a se tornar prejudiciais ao indivíduo.

Ocorre decréscimo na atividade de pensamento, dificuldade de tomar decisões, lapsos de memória, comportamento escapista (vontade de fugir), alterações de humor como depressão ou irritabilidade excessiva.

Tensão continuada pode causar dores, principalmente no pescoço, costas e ombros, e sensação de cansaço generalizado. Gripes e resfriados podem se tornar frequentes, devido o desgaste das capacidades de resposta do sistema imune.

Estresse positivo, estresse negativo e o gerenciamento do estresse

Distinção entre estresse positivo e estresse negativo;

O principio fundamental do gerenciamento de estresse;

Comparar as fases do estresse com sua atual situação emocional e fisica;

Fase de alerta: sabendo administrar o estresse, é possível beneficiar-se devido a motivação que esse estágio produz.

O estresse torna-se negativo quando a pessoa esgota seus limites, e sua capacidade de adaptação.

O que determina se a reação do estresse traz beneficio ou maleficio corresponde a duração do esforço de adaptação.

Recomendações para o gerenciamento do estresse:

1- Alimentação: é importante se alimentar bem. Alimentação equilibrada. Ser prudente quanto ao consumo de álcool de nicotina.

2- Lazer: descansar para eliminar o excesso de adrenalina. Além de atividades de recreativas.

3- exercício físico: é um grande aliado na capacitação de nosso corpo a ações que requerem força muscular.

4- qualidade de vida: Evitar o excesso, quando possível, de trabalho noturno, sobreturno, alterar horários de sono, ou não dormir.

5- estabilidade emocional: vida equilibrada nas areas: afetiva, social, profissional e na saúde. Evitar priorizar uma área em detrimento a outra.

Módulo 3- - Pós-trauma

formas de enfrentamento de situações impactantes, tais como acidentes, ocorrências com feridos ou com mortos.

1- Processo de luto e tarefas do luto:

“ Freud define o luto como uma reação à perda de um ente querido ou à perda de alguma abstração que ocupou o lugar de um ente querido, como o país, a liberdade ou ideal de alguém. O luto pode ser vivido em decorrência da morte, afastamento, perda de capacidades físicas ou psicológicas, por mudanças que exigem uma reorganização interna e externa”.

O Luto pode ser a perda do ente, ou no caso de calamidades, à perda do ambiente, da casa, bairro, cidade. E também se coloca no caso de refugiados.

Quando o processo de luto se conclui, as relações afetivas podem ser recuperadas. É por isso que se faz necessário, pois, é por ele que o sujeito recupera sua capacidade de amar.

Postura no atendimento de pessoas em luto:

Adotar uma postura respeitosa no tratamento de pessoas enlutadas:

Objetivos:

1 – atender as pessoas enlutadas com empatia;

2- sensibilizar-se para o reconhecimento de relações afetivas não usuais;

Obs.: a atitude mais importante nestes momentos é ouvir.

Não é preciso dar conselhos, ou tentar fazer a pessoa ver a situação de outra maneira; ou mesmo concordar com que ela diz.

Abordagem de uma pessoa em luto:

As noticias de ferimento, morte ou acidente devem ser dadas num ambiente calmo, em que você não seja interrompido e que possa acomodar você e a pessoa, ambos sentados;

Trate a pessoa pelo nome e informe-se sobre o nome do falecido.

Diga mensagens claras, evite linguagem figurada;

diga uma informação nova de cada vez e perceba se a pessoa esta compreendendo; (considere ter que repetir varias vezes a mesma noticia)

Evite expressões associadas à morte como “perder a cabeça, “morrer de fome”, ou clichês e piadas;

Disponha-se a ouvir o que a pessoa tem a dizer, mesmo que ela repita muitas vezes a mesma historia;e

Observe se a pessoa emite mensagens de suicídio. Se isso ocorrer, aborde o assunto com ela, pergunte o que ela quer dizer com aquilo e porque.

“Segundo o artigo da OMS: PROTEÇÃO DA SAÚDE MENTAL EM SITUAÇÕES DE EPIDEMIAS:

A notificação da morte e o reconhecimento de cadáveres

É um momento crítico e difícil de ser enfrentado pois pode produzir reações emocionais fortes. Algumas recomendações úteis são as seguintes:

• Anteriormente à notificação, deve-se reunir toda informação possível sobre o falecido e as características de seu caso (evolução da doença, complicações etc.);

• Obter informação sobre as pessoas a serem notificadas;

• Assegurar-se de que o familiar adulto mais apropriado receba a notícia primeiro;

• A notificação será realizada diretamente e em pessoa;

• A notificação deve ser feita, preferivelmente, por duas pessoas;

• Usar as regras comuns de cortesia e respeito;

• Não levar à entrevista objetos pessoais do falecido;

• Convidar os familiares para que se sentem e fazer o mesmo por parte de quem vai

fazer a notificação;

• Observar cuidadosamente o ambiente para prevenir riscos e esteja preparado para

atender crianças ou outras pessoas;

• A mensagem deve ser direta e simples. Para a maioria das pessoas, as

características da cena farão com que prevejam que algo terrível aconteceu, razão

pela qual não se deve prolongar sua agonia ou ansiedade;

• Esteja preparado para responder perguntas;

• Se os familiares pedirem, eles devem ser ajudados a informar outras pessoas;

• Dar atenção e atender às necessidades imediatas dos familiares, bem como devem

ser lembrados os seus direitos.

* Não permitir que os familiares entrem sozinhos para fazer o reconhecimento, é preferível que estejam acompanhados por pessoal qualificado que possa proporcionar um pouco de apoio emocional;

* Oferecer privacidade e respeito para que possam se despedir, inclusive deixar que

toquem o corpo, se quiserem;

• Respeitar nesse momento qualquer tipo de reação que os familiares possam ter

• Quase sempre, um apoio necessário é transportar os familiares para o local onde

está o cadáver e assegurar o retorno.

* A notificação da morte sempre deve ser individual (caso por caso), evitando-se dar uma informação desta natureza a um grande número de pessoas ou em grupo.”

Como a Exposição a situações impactantes (de luto) afetam o profissional:

Atendimento a ocorrências com pessoas feridas ou mortas, pode gerar: culpa, raiva, choque, tristeza ou medo.

Para tanto é interessante adotar procedimentos como reuniões de equipe em que os profissionais possam falar de suas emoções no confronto com acidentes. Primando pelo clima de respeito e ajuda mutua.

4- Reação aguda ao estresse e o transtorno pós-traumatico

CID 10- Reação aguda ao estresse pós-traumático:

“É um transtorno transitório que ocorre em seguida a um estresse físico e /ou psíquico excepcional e que desaparece em algumas horas ou dias. Os sintomas se manifestam habitualmente nos minutos que seguem a ocorrência do estimulo ou do acontecimento estressante e desaparecem no espaço de dois a três dias”.

Apesar de possuir CID, não é uma patologia, e sim uma reação normal a uma situação anormal.

A Reação inclui os seguintes fenômenos:

lembrar do acidente sem a ação voluntária da consciência. De repente, a pessoa revive momentos do acidente, rememorando imagens, sons e odores.

Sonhos angustiantes e repetidos do acidente;

agustia intensa ao lembrar;

reações fisiológicas, como aceleração dos batimentos cardíacos, suor ou tremores ao lembrar;

Obs.: A diferença entre a reação aguda ao estresse e o transtorno do estresse pós-traumático refere-se ao tempo de ocorrência dos sintomas. Se os sintomas permanecem por mais de mês pode apontar a ocorrência de transtorno.

O Transtorno conta com quatro fases:

1ª Revivência:

são característicos os mesmos sintomas da reação aguda ao estresse:

lembrar do acidente sem ação voluntária da consciência;

sonhos angustiantes e repetidos do acidente;

angustia intensa ao lembrar;

reações fisiológicas ao lembrar, suores, tremores, aceleração dos batimentos cardiacos.

2ª Evitação:

evitar pensamentos, atividades, pessoas e locais relacionados ao trauma;

incapacidade para recordar certos fatos ligados ao acidente;

interesse reduzido por atividades;

sensação de isolamento das pessoas;

restrição de afeto; e

sentimento de futuro abreviado.

3º Hiperxcitação:

dificuldade de sono ou hipervigilância (ficar acordado muito tempo);

irritabilidade;

dificuldade de concentração.

4ª Burnout:

Colapso emocional, percepção da situação como sem saída, inibição da prontidão para ação.

O texto é um resumo do curso- Tópicos Da Psicologia Relacionados A Segurança Pública E Defesa Civil do SENASP.

SENASP
Enviado por FSantana em 06/11/2012
Código do texto: T3971464
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