A Igreja Católica do Brasil é de esquerda ou direita?

A Igreja Católica do Brasil é de esquerda ou direita?

As considerações não tiveram a preocupação de fazer uma pesquisa científica, mas tão somente fazer um apanhado daquilo que se pode ver a ‘olho nú’, sem tecer qualquer consideração positiva ou negativa pela preferência dos religiosos católicos.

Pois bem. Tem sido por demais comum e recorrente os religiosos católicos do Brasil tecerem críticas à política defendida pelo Presidente/candidato Jair Bolsonaro. Percebe-se a ‘olho nú’ que a grande maioria dos católicos, suas lideranças, estão alinhados com a esquerda, portanto com a filosofia e preceitos políticos por esta defendido.

Recentemente, nas comemorações do dia da padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, em 12 de outubro, chamou a atenção o discurso do arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes. Durante a homilia, o bispo disse que “para ser pátria amada não pode ser pátria armada”, o que foi interpretado como uma crítica direta ao presidente Jair Bolsonaro, que vem atuando em defesa da flexibilização das leis que regem a compra e o porte de armas no país.

Num passado recentíssimo, 2019 se não me engano, o mesmo bispo já havia feito uma homilia controversa, também durante as celebrações da festa de Nossa Senhora Aparecida, quando afirmou que “a direita é violenta, é injusta. Estamos fuzilando o papa, o Sínodo, o Concílio Vaticano II”.

Podemos, ainda, enumerar outras manifestações a exemplo da 58.ª Assembléia Geral da CNBB, quando os bispos também criticaram “discursos e atitudes que negam a realidade da pandemia, desprezam as medidas sanitárias e ameaçam o Estado Democrático de Direito”, o que também foi considerado uma crítica direta a Bolsonaro, embora, assim como em outras vezes, o nome do presidente não tenha sido citado. É promotora de ações e mobilizações em conjunto com grupos e até partidos de esquerda, como o tradicional Grito dos Excluídos, série de manifestações que acontecem normalmente perto do dia 7 de setembro. A ação já se tornou um palco comum para organizações como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) ou partidos políticos, como o Partido dos Trabalhadores (PT). Neste ano, na última edição do evento, por exemplo, PT, sindicatos, movimentos estudantis e outras organizações atrelaram a ação à campanha “Fora Bolsonaro”.

Sabemos que, por princípio, a Igreja Católica não tem um regime político próprio, nem partido ou ideologia política, nem teoria social ou econômica, embora, por questão de liberdade de opinião e pensamento, em tudo aquilo que não for relacionado à fé ou à moral – como a grande maioria dos temas políticos –, tanto os fiéis católicos quanto os padres e bispos têm liberdade de sustentarem as suas próprias posições. Será mesmo?

É evidente que existem algumas ideologias que são condenadas pela Igreja por sustentarem uma visão de mundo ou de ser humano distintas ou por serem intrinsecamente contrárias à religião e aos direitos humanos, ad exemplum: o socialismo e o comunismo, que embasam o pensamento de partidos de esquerda, mas também o liberalismo radical, o fascismo e o nazismo, que por vezes permeiam os discursos de algumas alas da direita. Nesses casos, o fiel que adota uma postura divergente da Igreja Católica pode ser até punido, mesmo que faça parte do clero.

Bispos da ala progressista dizem que presidente "incita o ódio" e padre chama-o de "bandido. Na "Carta ao Povo de Deus", documento crítico ao governo de Jair Bolsonaro assinado por 152 arcebispos e bispos da Igreja Católica divulgado na imprensa brasileira indignados diante do uso do nome de Deus e de sua Santa Palavra, misturados a falas e posturas preconceituosas, que incitam ao ódio, ao invés de pregar o amor, para legitimar práticas que não condizem com o Reino de Deus e sua justiça?", tendo a Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB), maior autoridade eclesiástica do país, sublinhado que o texto "é da responsabilidade dos signatários", que fez com que em seguida, 1058 padres do país assinaram um manifesto a favor da carta dos 152 arcebispos e bispos em que se sublinha "a omissão, apatia e rechaço pelos mais pobres", além da "incapacidade para enfrentar crises" e o "desprezo pela educação, cultura, saúde e diplomacia", gerando uma "crise sem precedentes na saúde" e "um avassalador colapso na economia" graças "à tensão provocada em grande medida pelo presidente da República". Há, ainda, como consequencia desta divisão a carta "Voto em Bolsonaro é pecado", da lavra do padre Edson Tagliaferro, da cidade de Artur Nogueira, que durante a missa disse aos fiéis que "este governo não presta". "Bolsonaro não vale nada e quem votou nele deveria se confessar e pedir perdão pelo pecado que cometeu, elegeu um bandido".

Esquerda é o termo usado para denominar um posicionamento político, partidário e ideológico que tem como principal objetivo a defesa de interesses de grupos sociais e de igualitarismo. Do ponto de vista político, quando se diz que uma pessoa é de esquerda significa que esta concorda e compactua com os posicionamentos ideológicos deste espectro político.

A ideologia política de esquerda defende que o controle feito pelo Estado, através dos seus governos, é a solução para existir igualdade entre os cidadãos. De acordo com essa ideia, o Estado deve controlar o funcionamento de vários setores da sociedade, além de ser responsável por proporcionar educação, saúde, trabalho, moradia e outros direitos básicos aos cidadãos. A ideologia de esquerda defende, principalmente, as classes sociais menos favorecidas na sociedade, ou seja, aquelas que necessitam de mais atenção e serviços públicos. Os grupos de esquerda também são conhecidos por apoiarem sistemas de reformas sociais, como o socialismo e o comunismo.

No espectro político, a direita descreve uma visão ou posição específica que normalmente aceita a hierarquia social ou desigualdade social como inevitável, natural, normal ou desejável. Esta postura política geralmente justifica esta posição com base no direito natural e na tradição.

O termo "direita" tem sido usado para se referir a diferentes posições políticas ao longo da história. Os termos "política de direita" e "política de esquerda" foram cunhados durante a Revolução Francesa (1789–1799), e referiam-se ao lugar onde políticos se sentavam no parlamento francês; os que estavam sentados à direita da cadeira do presidente parlamentar foram amplamente favoráveis ao antigo regime,

No Brasil, segundo estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, no próximo ano fiéis do Papa Francisco já podem somar menos de metade da população do ainda "maior país católico do mundo". E, em 2032, o mesmo estudo aponta para uma ultrapassagem dos pentecostais aos católicos. "As lideranças evangélicas estão com Bolsonaro mas, ao contrário das católicas, elas estão sempre com os poder.

Manifestações políticas de padres e bispos têm causado mal-estar na Igreja Católica, levando a instituição a orientar seus sacerdotes a não pedirem votos dentro ou fora dos templos nesta eleição. Esse tipo de exposição do clero tem acirrado a polarização política na Igreja, em meio a subida de tom da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que defende valores caros a muitos católicos, como a defesa da democracia, o combate à pobreza e a oposição à legalização do aborto.

No entanto esta orientação não vale para a CNBB já que é público e notório seu posicionamento de apoio ao candidato LULA.

Vejamos o desabafo de um padre conceituadíssimo em nossa região, in off: “O Papa Paulo VI falou em uma época, mais ou menos 10 anos após o Concilio Vaticano II, ‘que a fumaça de Satanás tinha entrado dentro da Igreja”, de modo que entrou e aquilo que foi proposto pelo Concilio Vaticano II, ‘uma igreja mais próxima do povo’, ‘sair do comodismo e transformar o mundo’; mas aconteceu o processo inverso, ‘o mundo entrou dentro da igreja’ e ‘a igreja passou a seguir o mundo, e não mais a Cristo’. Embora as grandes lideranças, hoje em dia, em especial os que estão em posição de lideranças, e nas grandes mídias, são todos petistas. Os nossos padres com pós-doutorados são ‘lulistas’ tão radicais que se você disser que Jesus é subversivo, ou ‘pederasta’ nada acontece; mas se disser que ‘lula’ é ladrão, viram bichos e perdem, inclusive, a amizade. Há padres que se forem nestes assentamentos e participar de movimentos, a exemplos dos evangélicos, estão sendo punidos; sejam padres ou bispos. São comunistas a La Fidel Castro, ‘apoio os comunistas desde que eu fique do lado dos ‘opressores’. A maioria dos padres que são petistas são aquinhoados com as melhores paróquias, melhores carros. As vezes a gente desanima, mas Deus é maior”.

Quanto à questão da defesa do aborto pelos esquerdistas respondeu ‘que essa uma das questões e tem muitas outras ainda e que também gostaria de saber’; foi além e disse: “que ainda pergunta para algum bispo sobre a questão do aborto e ele fica meio que constrangido né’; por exemplo sobre a doutrina social da igreja “é muito clara a favor da propriedade privada e é bem radical contra o comunismo, marxismo; sua incredulidade vai ao ponto de “que são coisas que a gente não entende sobre isso, pois vai contra a doutrina da igreja a invasão de terra, invasão da propriedade privada; diz que “existe um livro chamado compêndio da doutrina social da igreja, só que tem que ser bem estudado porque essas perspectivas que colocam são deturpadas; mas infelizmente tem esses caras que endeusam né. Eu não consigo entender porque é contraditório”. Com sua lucidez diz ‘que é fogo né, existem padres e bispos totalmente atrapalhados, assim como existem na magistratura, vejam quanta arapalhada cometido por juízes; se você olhar lá na frente pega o STF que arrebentado totalmente a imagem do judiciário’; ‘prá nóis também com aqueles bispos santo que batalha pelo povo com vida simples; e tem a turma mais radical que são os amofadinha, os que venham tudo a nóis; eu quero ver quando socializar as coisas deles”

Por óbvio a Igreja Católica, na sua maioria representativa, hipotecou o seu apoio ao candidato LULA, sobretudo considerando o episódio ocorrido em Divinópolis/MG por ocasião da visita do candidato BOLSONARO, e receber apoio de padres da cidade, a Diocese de Divinópolis voltou a divulgar uma recomendação assinada pelo bispo do município em relação às eleições deste ano. Publicada inicialmente no início da campanha eleitoral, a carta diz que a Diocese não tem “opção político-partidária institucional”. “(A Diocese) não apóia nenhum candidato, não autoriza (e tomará as providências se acontecer) nenhum candidato e/ou seus apoiadores a usar o nome ou a imagem da Diocese, do bispo e de algum sacerdote no sentido de fazer pensar que estamos indicando candidatos no próximo pleito eleitoral”, diz a recomendação assinada por dom José Carlos, bispo de Divinópolis, a recomendação diz ainda que quem fosse contra as orientações, integrante do clero ou não, estaria “em clara desobediência e declarado desrespeito, prestando um grande desserviço à missão de comunhão da Igreja”.

Não há como não admitir o engajamento da Igreja Católica na campanha política do ‘Lula’ e o seu envolvimento doutrinário de esquerda, com todos os pensamentos, projetos , programas, filosofia, pautas, que, por óbvio, negam o mais sagrado direito natural das pessoas. Engajamento com o fim da propriedade, a certeza de que a criança/filho não pertence aos pais e sim ao Estado; fim da liberdade de opinião, expressão e pensamento, delimitar e limitar a ação da igreja junto aos fieis, ataques, depredação aos prédios das igrejas, intolerância quanto aos cultos, imagens, etc. São situações que o católico, o religioso não aceita, e a decepção fica por conta em saber que os lideres Católicos apóiam a ação dos esquerdistas, por certo apóiam tais desideratos.

Ao travar um diálogo com um Pastor dos mais respeitados, disse-me ‘que para entender o que tem levado católicos a preferir Lula e evangélicos a preferir Bolsonaro é preciso compreender que a definição do voto tende a acontecer de forma diferente nesses dois segmentos.

Um dos principais fatores que explica essa diferença, segundo o religioso, “é o fato de que evangélicos, na média, vão mais aos seus templos do que os católicos vão à igreja, pois mais de 53% dos evangélicos afirmam ir aos seus templos mais de uma vez por semana. Entre católicos, esse número é de 17%”, segundo ele colheu tais dados de uma recente pesquisa. Assim, segundo o Pastor, “o resultado é que, para o católico médio, a definição do seu voto seria menos influenciada por sua vivência religiosa que no caso do eleitor evangélico. Os católicos vão menos à Igreja e vão estabelecer uma relação mais distante com as suas lideranças. Ele não vai votar a partir de uma conversa, de um diálogo com o companheiro de igreja como o evangélico faz".

Ele, o Pastor, aponta um outro fator que ajuda a explicar a diferença no engajamento político entre os eleitorados evangélico e católico: “o ativismo político das lideranças religiosas evangélicas.” Segundo ele, “nos últimos anos, pastores e pastoras com grande número de fiéis passaram a militar politicamente, inclusive lançando candidaturas e apoiando, oficialmente, determinados candidatos.” Por outro lado, disse-me: “a Igreja Católica, nas últimas décadas, tem se mostrado mais comedida em endossar candidatos e tem regras que restringem o lançamento de candidaturas de seus sacerdotes. Há uma maior participação de representantes do sistema político dentro de espaços religiosos no universo evangélico. Isso tem influência sobre esse eleitorado. Nos espaços evangélicos tem muito mais presença da política do que nos espaços católicos". Outra diferença apontada é a diferença no padrão sócio-econômico entre católicos e evangélicos. Segundo o Pastor, apesar de haver um grande contingente de fiéis de baixa renda entre os católicos, no segmento evangélico as pessoas pobres, especialmente mulheres, são a maioria. Essa "desassistência", segundo ela, aumenta a vinculação dos fieis às redes comunitárias em torno da igreja, aumentando assim, a eventual influência dela sobre o voto.(Eleitor católico) é uma população que tem um pouquinho mais de acesso a determinadas coisas como equipamentos públicos e urbanos e que não tem a mesma relação comunitária com a Igreja que a população evangélica tem", explica.

Há uma leitura muito forte entre os evangélicos para empenhar apoio por Bolsonaro é a identificação de costumes e da liberdade religiosa; tais como os boatos de que a esquerda irão fechar os templos evangélicos.

Interessante e não deixa de ser significativo nas paróquias os Padres estão sendo obrigados e pressionados a tomar posição eleitoral contra a doutrina esquerdista e assumir uma posição política e na defesa da direita.

Um grupo de católicos de Araruna, no interior do Paraná, quer um posicionamento dos padres da região sobre o que consideram temas essenciais para o segundo turno das eleições, como a defesa da igreja, da família e da pátria. Eles organizaram um movimento que foi até a igreja local para pressionar os padres a se manifestarem politicamente durante as missas, solicitando ao padre orientação aos fiéis sobre as eleições. Os organizadores do movimento informam que foi criado um grupo de direita, com agricultores e empresários que teriam cedido espaços para reuniões, e descobriram que há padres "de esquerda".

Em conversa com um outro sacerdote amigo e com viés esquerdista confirmou vários relatos de colegas que sofreram pressão política, sendo todos eles de esquerda. Ele mesmo diz ter sofrido represálias na internet depois de uma postagem. De acordo com ele, conforme as ofensas virtuais chegavam, as pessoas foram ampliando as conversas, dizendo que ele teria votado no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o que ele disse nunca ter afirmado. Depois disso, resolveu se ausentar das redes sociais e disse se sentir ferido e "julgado por tudo", confirmando haver uma pressão nos padres com viés esquerdistas e, que a bem da verdade a maioria do clero tem preferência pela esquerda.

Confidenciou-me, ainda, que não pedem para que o padre deixe de votar no ex-presidente, mas que ele "vá para o inferno junto com Lula" se ele quiser votar dessa forma, além de citar temas como banheiro unissex, ideologia de gêneros e aborto, fala que tudo isso foi invenção do PT e que, portanto, "não são coisas de Deus", recheado por afirmações tais como: caso o padre se recuse a assumir posição política, ele diz que não tomará comunhão das mãos do sacerdote e irá para missa em outra paróquia, além de deixar de pagar o dízimo. Diz que não dá para ficar só rezando e é preciso, como cristão, ir à luta.

Dizia São João Crisóstomo: "o Inferno está pavimentado com crânios de bispos." Diante disso, me basta seguir a doutrina social e imutável da Igreja independentemente da opinião política de padres ou bispos, bem como e ter a férrea certeza de que as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela. O resto será acerto entre Deus, que não é o papai noel, de cada um.

O que eu mais gostaria de entender, e se alguém puder explicar seria ótimo, é o seguinte: Os 10 últimos Papas condenaram fortemente o socialismo/marxismo, inclusive com excomunhão. Então, como pode pessoas como Frei Betto e Leonardo Boff ainda terem tanta voz na igreja? Os dois são assumidamente marxistas, e pregam contra a igreja que eles dizem ser sacramentalista. Como pode eles terem bispos que os apoiam? Não seria uma traição? Mas quando um Bispo se assume marxista ele não é um traidor da igreja? Os bispos não deveriam condenar o marxismo infiltrado na igreja?

Infelizmente o que estamos vendo hoje é boa parte do clero tomando partido e colocando sistemas políticos no mesmo nível da religião católica. Isso é condenável! Ora, a religião católica está acima de qualquer sistema político e de qualquer liderança política. Penso que um político deve ter consigo os valores do catolicismo, mas jamais o catolicismo aderir a um regime político ou defender corruptos.

O difícil é que os políticos são mais ou menos como camaleões. Estamos na época em que são da cor do povo; passadas as eleições a coisa muda. Penso que as propagandas deveriam se restringir na apresentação do "curriculum" de cada candidato, a ser analisado e criticado, com provas, pelos eleitores e outros partidos.

Mas venhamos, realmente sempre houve divisão na Igreja. Mas apoiar e acreditar em um homem condenado por corrupção e mais: levar milhares de pessoas ao mesmo erro, pessoas essas que não tem ainda capacidade de formar opiniões próprias, seja por falta de conhecimento, pelo isolamento, ou qualquer outro motivo, chega a ser artimanha do diabo. Estará o diabo ganhando espaço dentro da Igreja?

Guaxupé, 12/12/22.

Milton Biagioni Furquim

Milton Furquim
Enviado por Milton Furquim em 13/12/2022
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