O Ás e sua Dama

Olho as cartas, que descartas,

seduzindo a nós, poetas;

santo daime -que me fartas-

pra ativar o que me injetas...

A mais pura adrenalina

desfazendo o que há de sério;

nos excita e nos fascina

nos mistérios do mistério...

Pro meu gosto, eu gostaria,

que jogasses só pra mim

todo o charme da poesia

tua alma e tudo enfim...

Mas, és livre como o vento,

nada pode te brecar;

eu, porém, sou cata-vento

vou seguir o teu soprar...

Não te percas do meu ser

quando fores derramar

os teus cheiros, só pra ver,

a matilha se esbaldar...

Tu carregas o teu ouro

que vais dando -generosa-

para os lobos: O teu couro,

para mim: A tua prosa...

Tu me levas na garupa

quando viras tempestade.

Me descascas e me chupas

faz de mim cara-metade...

O baralho já me disse:

Que algum dia tu serás

minha volta à meninice,

minha Dama e eu...Teu Ás!

Aimberê Engel Macedo
Enviado por Aimberê Engel Macedo em 01/10/2008
Reeditado em 26/10/2008
Código do texto: T1205800
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.