Tudo pru cauza dum zóio azú

Um zói azú foi a cauzação

De cabá um cazamento,

Num ôvi niuma emoção

No dia du nascimento.

Quando viu a luiz di vela

Aqueli fiin qui naçeu,

Os zóio num era dela

E nem tomém era o seu.

Na fazenda qui trabaiô

Tinha óiu azu o patrão,

Intonci na porta deli dexô

O deproma da traição.

Quando eli a porta abriu

Qui viu aquela incomenda

De susto quazi caiu

Ali nu xão da fazenda.

Mais sua muié adiantô

E pegô o biêti pra lê

Ela tomém dismaiô

Cum as nutiça qui foi vê.

Oiô pro minino e viu

Aquele zói regalado

Um ispanto ela sintiu

Caquêli zói azulado.

E a feição do minino

Caquêli zóio azulado

Traçô logo o distino

Dexano os dois separado.

De ataque no coração

E de u’a disritimia

Foi-ci imbóra o patrão

E tomém a muié Luzia.

No cemitéro locá

Os dois foi interrado,

Ficaro num só funerá

Pru cauza de um zói azulado.

Cuma elis vivia sozin

Sem nunca fazê u’a criança

O minino du zói azuzin

Foi quem ficou cás herança.

Marido e muié fêiz as paiz

Os dois já era aligria

Ela num traiu jamais

A partir daqueli dia.

Foi os trêis morá na fazenda

Graças ao zóio azulado

O zoin vêi como prenda

E o cauzu foi consumado.

Num tive nada quêli!

A muié falô du’a só vêiz

Foi só pruquê ví os zóio dele

Quando eu tava cum gravidêiz.

Mingana quêu gostio!

Airam Ribeiro
Enviado por Airam Ribeiro em 07/10/2008
Reeditado em 07/10/2008
Código do texto: T1215826