O pescador e a sereia / com áudio

Esse poema trovado eu dedico a todos -homens e mulheres- que, por algum motivo, perderam ou pensam que perderam um grande amor em suas vidas...

Distraído estava eu

a pescar sobre a canoa...

De repente aconteceu

um barulho lá na proa.

Eu me lembro que pensei:

Deve ser banco de areia.

Mas, que susto que levei,

quando eu vi uma sereia.

Tinha um rabo tão brilhante

que prendeu minha atenção;

tinha um canto delirante

que puxou o meu tesão.

Eu fiquei embasbacado

com a beleza do seu seio;

eu me vi apaixonado

mas -confesso- com receio...

Fui lançando as minhas iscas

para ver se a pegava;

mas, ligeira -qual faíscas-

mais de mim, distanciava...

Foi rumando alto mar

me acenando pra seguir;

fui atrás sem nem pensar

nos perigos desse ir.

Tubarão que de costume

preparava o seu jantar

dispensou o seu cardume

e a sereia... Foi caçar.

Eu lutei contra o bandido,

com o remo em minhas mãos;

mas -nas águas- escondido

fez-se dono dos seus vãos.

A sereia se entregou

às mordidas dos seus dentes;

o que dela me sobrou

foi seu canto tão caliente.

Sendo herói por natureza

resgatá-la eu poderia;

mas a luz que estava acesa

me mostrou que eu não devia.

Pode ser que eu volte um dia

a pescar a tal sereia

mas pra isso a fantasia

tem que estar em minha veia...

Vou mudar pra bem distante

vou buscar outros amores;

o que eu fiz não foi bastante

pra ganhar os seus favores...

Mas, me entendam, por favor!

Não estou a reclamar;

se se perde um grande amor

é o destino a ensinar...

...que na vida tudo passa,

de constante: Só mudança!

Se hoje a vida está sem graça

amanhã será festança...

Aimberê Engel Macedo
Enviado por Aimberê Engel Macedo em 08/10/2008
Reeditado em 29/10/2008
Código do texto: T1216978
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