Retirante de mim mesmo/com áudio/ republicação

Ventania me carrega

bem pra lá do fim do mundo,

lá vou ser um vagabundo

um qualquer que não se nega...

Não me fale que eu sou brega

nem levante a sua voz,

o meu texto é uma entrega

que só faço estando a sós...

Desamarre esses meus nós

e me solte pela vida,

vou lamber minha ferida

perdoar o meu algoz...

Esse rio foi pra foz

mas secou em seu caminho

pois chegou um sol atroz

que o bebeu igual a vinho...

Pelo leito, eu caminho,

retirante de mim mesmo

eu prossigo, quase a esmo...

esquecido do meu ninho...

Vejo ao lado o meu vizinho

com seus filhos, envolvido,

que lhes pedem seu carinho

mas recebem seu olvido...

Eu lhes digo, que eu duvido,

que a verdade está na cara

para mim é jóia rara

escondida no escondido...

Na verdade estou sumido

de mim mesmo, retirante...

meu destino foi parido

numa lua delirante...

Ventania, esse farsante,

tá coberto de agonia

passa a noite, vem o dia,

e não chega a sua amante...

Mesmo sendo um diamante

escondeu aquele brilho

esqueceu que era brilhante

apagou o seu rastilho...

Eu tão só, aqui partilho,

o querer que me escapou

minha vida que eu encilho

pra montar no que restou...

Esquecer que eu fui amante

das palavras que ela disse...

será como se eu partisse

de mim mesmo, retirante...

Aimberê Engel Macedo
Enviado por Aimberê Engel Macedo em 10/11/2008
Código do texto: T1276052
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