15 (En)Cantos - Roucos, Loucos, Poucos.

I

Eu tinha um canarinho

Que me encantava as manhãs

Cantava um canto tão fininho

Que os gatos viraram fãs!

II

Catei algumas as estrelas do mar

Pra o nosso próprio céu fazer

Mas quando parei pra pensar, achei

Melhor morar no mar com você.

III

Te lembras daquela figueira

Onde nos beijávamos outrora?

Meu amor, vê que destreza

É chão d'outros amantes agora.

IV

Não chora, meu bem, assim

Que assim o meu peito se afoga

Nestas lágrimas doces sem fim

Mas, por hoje, meu bem, não chora.

V

No peito, agora, a paz

Que o dia-a-dia me entregou

Mas sei que isso não se faz

Que paz só tem que tem amor.

VI

Meu violão, minha companhia!

Passa os amores, e ele não

E a cada amor, a cada dia

Ele me arranha outra canção.

VII

Não demora, amor, que eu aqui

Fico louco de ansiedade

A cada hora aqui sem ti

Perco uma hora de mocidade.

VIII

Amor como é o de Maria

Não se vê nem no Japão

Bobo de quem não sabia

Bobo o bêbado João.

IX

Oh moça linda, faz isso não

Anda comigo do seu lado

Chorar pra que? Não seja tola

Me troca por seu namorado.

X

Se eu demoro, diz que bebi demais

Se eu chego cedo, é porque briguei

Se eu não volto, bota a polícia atrás

Agora saio já dizendo que não sei!

XI

Flor que nasce no jardim

Sem você jogar semente

É que algum passarinho

Planta pra agradecer a gente.

XII

Diziam que na roça do Tião

Estava morando um fantasma

Mas já descobriram que não:

Caseiro com crise de asma!

XII

Tu não te lembras de Mariana?

Um par de olhos que não me esqueço

E quando em repouso em minha cama

Me dava aquilo que eu mereço.

XIII

Maconha hoje aqui é mato

Na verdade, sempre foi

Mas tem tanta, aqui, de fato

Que ouço miar um boi.

XIV

Deita aqui, minha flor

Faremos a noite durar, então,

Te mato hoje de amor

E amanhã me entrego à prisão.

XV

Deixa vir LER, deixa e tendinite

Só sei que nunca vou parar

Caneta, computador... admito!

Se eu não poeto, saio do ar!