TROVAS IMPRÓPRIAS
Pior loucura seja a minha, serei eu
o que foi perdido mas nunca se perdeu...
A dor que sem doer foi a que mais doeu.
Quem sabe o dique que na seca se rompeu.
Não escolhi ser o fruto infecundo
Nem a derradeira duvida desse mundo
Nem pedi ao tempo que avançasse um só segundo
Sequer foi meu o silencio mais profundo.
Da insanidade semeei tantas sementes
Em terras férteis e em desertos inclementes
Mentes estéreis de pensar inconseqüentes
Corações dúbios dos amores ardentes.
Foi teu pedido esse do amor a ventura?
Foi minha sina essa racional loucura?
Não, foi tormento da busca insegura
No acerto ou no erro da emoção mais pura.
Sentenciado anjo de asa quebrada
Abençoa o pranto da alma cansada
Se benigno servo do amor na Jornada
Clamando aos céus a palavra sagrada!
As cores que ouço cantar em oração
Gemidos, estertores do caos, confusão!
Esperanças lançadas como ondas ou não
Ecos velados da mais linda canção...
Habita na sombra o que teme a luz
Blasfema o crente contra quem o conduz
Nem todo ouro ou diamante assim reluz
Nenhuma ilusão é eterna ao que seduz.
Explodiu a vida em todo firmamento
E nasceu a morte como ato e pensamento
Consequência da ciência e discernimento
Aliando-se a fé...como ultimo alento.
Raios, trovões, tempestade em mim
Fases entre calmaria e tormento, assim
Fragmentos de um pecado concebido sem fim
Demência virtuosa em lábios carmim.