A ESCRAVIDÃO É DOS OUTROS

Do lado de cá não chove, mas de lá a cântaros,

Cai em filetes obliquamente, vejo-os a luz do relâmpago,

Cá dentro bem do alto, sequinho eu me acosto,

Lá embaixo rola a água, molha calçadas e plantas,

Quem deitado ou sentado está; rapidamente levanta,

Olha pro lado e pro outro, vê que não tem aonde ir.

Muitos passantes agasalhados, não vêem,

Os irmãos em desalinhos, pobres coitados,

Da rua espera algum bocado, que lhes possam alimentar.

Sem teto com fome e sede, mendigo o homem se faz,

Criaturas de Deus e dos homens, nos sonhos de sua fome,

Acreditam nas benesses de outros homens.

Meu patrão, senhora, madama ou oi bacana,

Ouvem os passantes, nas ruas de Copacabana,

Dos filhos destas terras, infinitos e tristes ais.

Ontem servidos que foram; hoje pedintes que são,

Tomara que no amanhã, libertem-se dessa escravidão.

Mas a culpa é de quem mesmo? Não olhe para mim não!

Rio, 06/03/2010

Feitosa dos Santos