I
Acreditei feito um cego,
De um amor na loteria.
Perdi todo o meu sossego,
Jogando em quem não devia.
II
Arrisquei meu sentimento
Na loteria do amor
Qual não foi meu desalento,
Só ganhei prêmio de dor.
III
Das Dores era seu nome,
De dores não tinha nada.
Loucura pra qualquer homem
Inveja pra qualquer fada.
IV
Minhas dores não comento,
Os meus amores cultivo.
As dores eu mando ao vento,
Pois é de amores que vivo.
V
Foram muitos meus amores,
Nenhum deles segurei.
Bem poucas as minhas dores,
De nenhuma me livrei.
VI
Só amando é que se vive,
De tanto amar me cansei.
Quantos amores eu tive,
Não perguntem que não sei.
VII
Como enfraquece a razão
Quando o amor em nós se instala.
No país do coração
Só ele governa e fala
VIII
Eu não quero mais saber
Do teu amor traiçoeiro
Se foi água de beber,
Hoje é lama de barreiro.
IX
Cantei os meus mil amores
Nos versos que te mandei.
Muito espinho e poucas flores
Nos jardins por onde andei
X
Quando parti, pela estrada
Semeei sonhos e amores.
Na volta, não colhi nada,
A não ser saudade e dores.
XI
Buscando o amor que lhe dei
Para fazer uma quadra,
Nada de amor encontrei,
Eu tinha amado uma ladra.
XII
Não sabes quanto te quero
Nem a falta que me fazes!
Sem ti eu sou quase um zero,
Sou um baralho sem ases.
XIII
Não sou vida, não sou morte,
Nem defesa, nem escolta,
Sou qual bússola sem norte,
Uma partida sem volta.
XIV 
Sem amor tudo se acaba,
É como viver sem vida,
Como casa que desaba,
Como esperança perdida.
XV
Foi qual transplante mal feito
Que não sarou a ferida,
A grande dor no meu peito
Depois de tua partida.
XVI 
Não foi bem dor, foi castigo
Que machucou como o quê,
A dor que ficou comigo
Depois que perdi você.
XVII
Foi muito grande a saudade
Que ficou do seu amor,
Pedaço de eternidade
Sustentando minha dor.
XVIII
Do canteiro dos amores
Nem um restou para mim.
Agora cultivo dores
Nas terras do meu jardim;



Olival Honor
Enviado por Olival Honor em 10/09/2006
Reeditado em 10/09/2006
Código do texto: T236589