MIDAS, O BOM INTERESSEIRO
REI MIDAS, O BOM INTERESSEIRO
Aconteceu na Frígia, região da Ásia Menor!
Ali habitava um rei, bondoso e atencioso,
Mas... com dois graves defeitos: ganancioso...
E burro. E isso não é apenas um pormenor!
Quando Dionísio e suas inseparáveis bacantes
Passeavam pelas colinas com videiras de Tmolo,
Perderam o bom velho Sileno! Que desconsolo!
Os frígios encontraram e o coroaram esfuziantes.
Levaram-no ao interesseiro e bom rei Midas,
Um coração afetuoso, que do velho cuidou
Sem qualquer condição. Mas tudo mudou!
Por um presente, perdeu todas as medidas.
Pediu a Baco alguma coisa horripilante:
Que tudo aquilo que seu corpo tocasse,
Sem exceção, imediatamente se transformasse
No mais caro e precioso metal cintilante!
Atendido, fez experiências ao nascedouro!
Ramos, pedras e grãos tocados pelo tolo,
E mesmo ainda a pobre argila de tijolo,
Passavam a brilhar no mais puro ouro!
Feliz e faminto, nosso rei nada inteligente
Preparou-se para o seu manjar da glória!
Mas... pão e vinho, de forma peremptória,
Tornaram-se agora algo insólito e reluzente!
Arrependido de cometer tal estupidez,
Pediu perdão a Dionísio, o deus amigável!
Afinal o primeiro pedido era inimaginável!
Perdoou, em nome da antiga honradez!
O rei Midas quase aprendeu a lição!
Passou a odiar fortunas e opulência!
Mas para burrice não há clemência!
Meteu-se, de novo, onde não devia não!
Ainda na montanha do deus Tmolo,
Numa disputa entre deuses poderosos,
Em que não se metem nem os invejosos,
O rei Midas tomou partido feito tolo!
Prepotente e na mesa dando murro,
Discordou da decisão divina arbitrada!
Invisível, Apolo deixa-lhe a orelha esticada!
E dá às duas o formato das de um burro,
Afirmando: “Com tão inigualável surdez,
O rei não é digno de humanas orelhas.
Tenha-as pontiagudas, de burro, parelhas!”
E o pobre as escondia, na sua timidez!
Envergonhado, encobria-as com turbante,
Para que não revelassem o seu triste segredo.
Mas, por castigo, esse era seu degredo,
Os deuses, via juncos, o revelaram bastante.
Moral dessa triste e inglória história:
Burrice e ganância são ouro de tolo,
Para o qual não há qualquer consolo!
Prof. Leo Ricino
Maio de 2007