Curriças de Caravelas - Trovas Comentadas


“Curriças de Caravelas – Trovas Comentadas”...Trata-se de um livro que, humildemente, pretende apenas homenagear a todos os que nasceram e/ou viveram na Aldeia de Caravelas, bem como a todos os que vieram depois de nós, naturais de lá ou por lá passaram!...de alguma forma, em busca de um conhecimento que... todavia foi fundamentado nas nossas crenças, nas nossas raízes culturais pessoais, tantas vezes testadas pelas agruras da vida emigrante, à qual fomos forçados a aderir logo de tão cedo, e que jamais se puderam consolidar em pleno, pelo pouco tempo que lá vivemos!... mas que valeu cada minuto, cada segundo do qual temos memória.

A nossa infância lá vivida, foi como o saborear de um “bilhó” assado na fogueira da Consoada!,...
- Foi, e era tão bom que nem sequer chegou à mó do cabo!...
- E, ou,... como costumava dizer a Ti Julheta; “graças a Deus que já cozemos... seis Pães fizemos, sete devíamos!, nem sequer de pão nos enchemos!...” e a palavra dela, era Lei em questões de comida.
- Casamento ou Baptizado que ela não fosse lá aprovar a comida da “Festa”, o Padre Moutinho não se demorava muito por lá... era questão de honra os convidados sentarem-se à mesa junto com o Padre da Aldeia.
- A Ti Julheta havia sido criada e educada na Casa da Condessa da Vilariça, de onde saiu para casar com o Ti Zé Artur, de quem teve 11 filhos, oito dos quais sobreviveram até ao ano de 2008. Ano do falecimento dela e do Ti Zé Bico...

Trechos da Apresentação do Título:
== Caravelas - Aldeia Tipica Transmontana == 
Num passado longínquo, A Aldeia de Caravelas terá pertencido ao concelho de "Vilar de Ledra", e embora se encontrasse praticamente despovoada nos inícios do século XII,... A sua fundação paroquial parece, ao que tudo indica, datar do século XVI, altura em que foi separada da freguesia de Santa Maria de Bornes.
A nível administrativo, a pequena localidade de Caravelas manteve-se sempre ligada a Bornes, vindo a instituir-se, já no século XVIII, como pequeno concelho dependente do de Mirandela.
- O século XIX traria, contudo, alguma instabilidade administrativa, daí se explique que Caravelas tenha sido transferida para o concelho de Cortiços, aí permanecendo até 31 de Dezembro de 1853, altura em que passou para o de Mirandela.
 
A 24 de Outubro de 1855, Caravelas voltaria, definitivamente, para o concelho de Mirandela, aí permanecendo até hoje.
-Intimamente ligado à História de Caravelas está o nome dos Marqueses de Távora, seus donatários até o ano de 1759, data em que a freguesia passou para as mãos da Coroa Real, aí ficando até 1834.
Outro marco histórico a ter em conta prende-se com a fundação da primeira Escola Primária de Caravelas, cuja origem remonta ao século XIX, mais precisamente a Março de 1864, altura em que foi lançado o decreto para a sua construção.
Aliada à riqueza histórica desta pequena localidade está a beleza natural das suas paisagens. Caravelas guarda os traços típicos do Nordeste Transmontano rural, com as suas casas tradicionais, nas quais se destacam as largas varandas em madeira. Os invernos amenos contrastam com os verões quentes e secos, conferindo as condições ideais para o cultivo da oliveira, da vinha, da amendoeira ou do sobreiro.
No centro da freguesia destacam-se a Igreja Matriz e o Largo Principal, com a sua “fonte romana” e o “coreto”, onde actua a banda em dias de festa.
O Escritor-Poeta Silvino Potencio, natural desta Aldeia, relata em seu livro entitulado “CURRIÇAS DE CARAVELAS”; .....
 
 "Curriças" são construções rústicas levantadas, em algumas propriedades no termo da aldeia, e feitas com pedra tosca não trabalhada. São construções bastante rudimentares em formato quadrangular, porém muito antigas, geralmente situadas longe das casas do povoado transmontano.
 - Nos meses quentes de verão as “curriças”  são utilizadas para guardar os animais; cabras, ovelhas e bois, vacas, jumentos, cavalos, tanto durante a noite como no período da "sesta" - geralmente entre as 11 horas da manhã até as 15 ou 16 horas da tarde.
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ALGUNS VERSOS DAS “CURRIÇAS” DE CARAVELAS
 
De: Silvino Potêncio  - As Curriças de Caravelas  ( Parte L)
 
Lá longe da minha janela,
Eu vejo as tuas Curriças!
Sempre serás a mais bela,
Aldeia que me enfeitiças!
 
Cantinho do meu Portugal,
Que eu guardo em pensamento...
Viver longe é o meu mal,
Viver perto me dá alento!...
 
Imagens que me trazem saudades,
Da Aldeia onde um dia eu nasci!...
São gentes que não sei a idade,
Pelo muito tempo fora que já vivi!...
 
As gentes da minha aldeia,
São cheias de tradições...
No peito de uma Alma cheia,
  Onde cabem tantos corações!
 
As trovas do meu coração,
Eu as faço aqui bem singelas...
Escrevi muitas pela minha mão,
Para o POVO de Caravelas!
 
Da Casa da Nossa Avó,
Ela me arrastou pelo chão.
A Professora era uma só,
E se chamava Dona Conceição!
 
Quase quatro anos passados,
Depois daquele dia em diante...
Fugi das curriças e dos bardos ,
E dos cordeiros eu fiquei distante!...
 
(in: CURRIÇAS DE CARAVELAS – TROVAS COMENTADAS)
Autor: Silvino Potêncio

Silvino Potêncio
Enviado por Silvino Potêncio em 28/11/2010
Reeditado em 16/11/2015
Código do texto: T2641546
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