TROVAS AGRESTES

Nas noites de lua cheia

Fazem festa de primeira

A roça vira uma aldeia

E dançam a noite inteira.

E o vento em flautas da mata

Não pára, vai noite inteira

Fazendo uma serenata

Entre as palmas da palmeira.

Latem os cães no terreiro,

De espingarda a tiracolo

Bufando de carneiro

E vai cair no monjolo.

Que saudade de pamonha!

De milho verde e curau!

Ai! Me dá até vergonha!

Nem quero lembrar... Tchau!

E nas festas do divino,

Levantar de madrugada:

A orquestra de violino,

Os lábios da namorada!

Nunca vamos olvidar

O coração fica afoito

Com saudades de rachar

Do cafesão com biscoito.

A igrejinha lotada,

O padre paramentado

Nós e nossa namorada,

Um frio bem suportado.

Trova é dizer em versos

O que se diz a toda hora

E os ouvida já dispersos

Como algo que se põe fora.

O povo dança animado

E a alegria toma conta

Os casais de namorado

No escurinho logo apronta.

O roceiro é sossegado...

Espera o tempo passar,

Depois de um dia forçado

Toma banho e vai deitar.

No outro dia, madrugada

Levanta bem satisfeito,

Passa um fio em sua enxada

E vai depressa ao seu eito.