O Discurso do Dinheiro

Sou o famoso dinheiro

Até me tratam de grana,

Chamaram-me de Cruzeiro,

Quem me tem é bacana.

Já fui Réis no passado,

Meu futuro o que será,

Meu império de Cruzado

Liquidou-me o marajá.

Já fui chamado vintém,

Também me chamam de cobre,

Quem especula me tem,

Não ando muito com pobre.

Sou o sonho dos pobres,

Sou conforto do rico,

Gosto de pessoas nobres,

Com à pobreza não fico.

Vivo no pensamento do pobre,

Do rico sou o conforto,

Tendo-me muito, é nobre

Não possuindo-me, é morto

Do banqueiro sou o juro,

Do mendigo sou à esmola,

Do ladrão sou o apuro,

Do Brasil sou à mola.

Tenho apelido de tudo,

Mone , bufunfa e cacau,

Sinal no dedo do mudo,

E no revólver do mau.

Sou do tráfico à mola,

Com uma estranha função,

Nela me chamam de bola,

Sobre a tal corrupção.

Jesus que foi traído,

Por mim, o vil metal,

Discípulo advertido,

Judas caiu no mal,

Fui motivo de traição,

De Judas por trinta dinheiro,

Com Dimas o bom ladrão,

Que o seguiu por companheiro.

Se estou com otário,

Vacilando na bobeira,

Vem o estelionatário ,

E leva-me da algibeira.

Sou o esterco do capeta,

Adubo à horta do Senhor,

Sou do inferno à treta,

Pra Deus produzo flor.

Sou à ganância do capital,

Sou à mola da corrupção,

Para às drogas o principal,

No destroço da nação.

Me Procuram na loto,

Me caçam no baralho,

Mas, o que mais gosto,

Achado no trabalho.

Lair Estanislau Alves

Outubro de 2011-10-30

Sô Lalá
Enviado por Sô Lalá em 30/10/2011
Reeditado em 31/08/2013
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