As duas asas que tens.
O amor é por Fênix alado,
A paixão Ícaro alou,
O amor a reviver é fadado,
A paixão, se derrete – Acabou!
O amor liberta, esbanja mansidão,
Faz-se presente nos certames florais,
A paixão escraviza, traz a escuridão
Sepulcro indelével, carnífice da paz.
O amor alia-se à razão,
A paixão tudo atropela.
Amor é pura compreensão,
A paixão, o contrário, verbera.
Na paixão o ciúme especula,
No amor dizem que ele não cabe,
Tudo é questão de ler bula,
Só um pouquinho, quem sabe?
A dose certa é cura,
Já o excesso envenena,
Muito ciúme é agrura,
Ciúme nenhum, aliena.
Evite as asas de cera,
Prefira as de sensatez,
Nada dura a vida inteira,
Tudo tem hora e vez.
Desvia-te das amarguras,
Busque o voo de paz,
Pouse e colha doçuras,
No sofrimento jamais.
Não desperdiçai as juras
Tudo é delével, fugaz.
Não te cause clausuras,
A vida já é curta demais,
E para torná-la ternura
Somente o amor é capaz.