Contando o passado

Neste mundo de ilusão

Vou vivendo de teimoso

Sou um simples pobretão

Mas dizem que sou charmoso

No tempo da mocidade

Fui muito namorador

Hoje só resta saudade

E no peito guardo a dor

Namorei uma ingrata

Foi minha grande paixão

Ela se chamava Deonata

Me traiu com o patrão

Para poder segurá-la

Pus em seu dedo, aliança

Enganei em domá-la

Nunca me depositou confiança

Quando eu descobri

Quase morri de desespero

Pra mim mesmo eu prometi

Que ia morrer solteiro

Para poder me esquecer

Esse maldito tormento

Até palhaço consegui ser

Encontrei algum alento

E no circo desabafei

Todo mágoa, todo fracasso

Muitas gatas namorei

Na minha vida de palhaço

Estava com o coração fechado

Não acreditava em ninguém

Tentava esquecer o passado

Até que encontrei alguém

O mesmo que eu sofri

Ela também sofreu

Eu pra ela não menti

O nosso santo bateu

Ela contou seu sofrimento

Que sofreu muito por amor

E eu a ouvi atento

Lamentei a sua dor

Para encurtar a história

Ela vive em meus braços

Já faz quase 40 anos

Enfrentamos maus pedaços

Ela é o mãe dos filhos

Minha esposa dedicada

Nunca saiu dos trilhos

É uma mulher prendada

Ela morre de ciúme

Da minha vida de artista

Ouço sempre seus queixumes

Mas procuro não deixar pista

Eu fiz esses simples versos

Apenas para desabafar

E mostrar como o universo

É difícil de enfrentar

Porém tendo fé em Deus

Nós conseguimos vencer

A todos os amigos meus

Eu quero apenas dizer

Deus sempre te ilumine

Em todo o teu viver

E que nunca desanime

Se hoje está a sofrer

Um ditado, pura verdade

Nunca perca a esperança

Que depois da tempestade

Sempre vem a bonança.

Aqui no recanto das letras

Eu já fiz minha conquista

Um abraço do pintaeta

Esse humilde repentista!